O Amanhã da Criança já tem uma nova Direção, mas o antigo líder da comissão provisória de gestão, Mário Gouveia, vai tentar impugnar as eleições. O novo presidente, que tomou posse esta terça-feira, reafirma que tudo foi feito dentro da legalidade e que já está a trabalhar.
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Mário Gouveia revelou, ao JN, que vai "interpor uma ação em tribunal e deixar a Justiça atuar". "O que aconteceu foi um assalto ao poder digno de um país de terceiro Mundo. O sufrágio aconteceu à revelia dos órgãos que o poderiam validar e agora esperarei pela decisão da Justiça", explicou, acrescentando que já teria um acordo com a Segurança Social para o pagamento da dívida de 1,7 milhões de euros, que é um dos problemas deixados pela antiga Direção.
Por sua vez, Alfredo Ribeiro, o novo presidente d"O Amanhã da Criança, salienta que já tem um parecer técnico, tanto dos tribunais, como do seu consultor legal, e que tudo terá sido realizado com a máxima legalidade.
"Os sócios votaram e deram-nos legitimidade para assumir os destinos da instituição. Já estamos a trabalhar para resolver os problemas sérios que temos e gostávamos que não tivesse sido preciso manchar mais o nome d"O Amanhã da Criança", assinalou, afirmando que agora "se respira um ar mais saudável".
O novo líder da instituição particular de solidariedade social, que já tomou posse, foi eleito num sufrágio que contou com 61 votos, 58 dos quais a favor da única lista que se candidatou, um voto em branco e dois nulos.
Desvio de meio milhão de euros
A gestão d' O Amanhã da Criança viu-se envolvida em polémica quando, em julho passado, o então presidente, José Manuel Correia, foi detido por suspeitas de ter desviado cerca de meio milhão de euros.
Na sequência da detenção, Mário Gouveia assumiu a presidência de uma comissão de gestão. E as eleições para o novo elenco diretivo foram marcadas para 23 de setembro.
O líder da única lista apresentada, Alfredo Ribeiro, desempenhava funções administrativas na instituição. "O Amanhã da Criança tem uma dívida de 1,7 milhões de euros à Segurança Social e de cerca de 900 mil euros a fornecedores. Isto impede que nos candidatemos a qualquer tipo de apoios. Estamos a gerir-nos apenas com as mensalidades dos sócios", referiu.
Alfredo Ribeiro candidatou-se, com o apoio de pais e outros funcionários, com a intenção de "operar uma reestruturação". "Fomos a única lista que se candidatou e a comissão de gestão quer complicar a sucessão. Nós só queremos voltar a credibilizar o nome Amanhã da Criança", afirmou.
385 pessoas à espera do desfecho
Enquanto instituição solidária, O Amanhã da Criança serve perto de 385 pessoas, maioritariamente crianças e idosos, entre a creche, o centro de dia, a residência sénior, o jardim de infância e o centro de apoio aos estudos. Esta situação que se passa na IPSS, cuja sede é na Rua D. Afonso Henriques, na Maia, deixa os utentes numa situação de indefinição quanto ao futuro.