Expansão de hospital em Braga: nem a chuva deteve as crianças de “salvar a floresta”
O Centro Social da Paróquia de Nogueira (CSPN), em Braga, organizou, esta manhã, uma manifestação contra os planos de expansão do Hospital Privado em zona de Reserva Ecológica Nacional (REN). Cerca de 50 crianças, com docentes e família, caminharam durante meia hora, gritando “salvem a nossa floresta”.
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A notícia dos planos do Hospital Privado de Braga construir um parque de estacionamento na “floresta” foi dada em casa de Ana Luísa por uma das filhas. Jasmim, de cinco anos, contou à mãe o que lhe tinham dito na escola – “estão a pensar cortar árvores onde costumamos brincar” – e a tristeza era clara. Hoje, a mãe, Jasmim, o irmão mais novo, de três anos, e os dois irmãos mais velhos, já em idade escolar, juntaram-se à manifestação do CSPN para fazerem ouvir o seu protesto.
Para Ana Luísa, a participação neste evento, além do apoio ao seu objetivo principal, “é importante para consciencializar os mais novos para as questões ambientais e o ativismo”. “Eles percebem que têm voz e que podemos manifestar-nos quando não concordarmos com algo.” Tal como Ana, muitos outros pais, mães e irmãos juntaram-se às cerca de 50 crianças e docentes que desfilaram entre o estabelecimento de ensino e o Hospital Privado.
Nos cartazes, feitos no âmbito do projeto escolar que preparou a manifestação, acompanhada durante todo o tempo pela Polícia de Segurança Pública (PSP), liam-se palavras de ordem. “Parem”, “queremos estar ao ar livre”, “salvem a floresta”. Apesar da curta idade dos manifestantes, tão novos quanto três anos de idade, o barulho não ficou aquém do necessário, com palavras de ordem presentes durante todo o percurso.
Sem respostas
Ao JN, Joana Ribeiro, diretora do centro social bracarense, adianta que foram pedidos esclarecimentos tanto ao próprio Hospital Privado como ao gabinete do Urbanismo da Câmara Municipal. Ambas sem resposta, lamenta. “Não sabemos o que vai acontecer a seguir, mas ainda não há garantias de que estas crianças continuem a ter o seu local de brincadeira.”
A expansão do estacionamento ocuparia cerca de 12 mil metros quadrados de REN. Já aprovada, em reunião de Câmara, a ampliação do edificado e do estacionamento subterrâneo, fica em falta a aprovação do pedido de interesse público do parque exterior – que foi retirada da ordem de trabalhos depois de contestação dos vereadores da Oposição.
Além de utilizarem este espaço de REN para atividades lúdicas, a diretora Joana Ribeiro ressalva ainda o trabalho do CSPN na sua manutenção. “Há umas semanas, docentes, pais e crianças passaram uma manhã a limpar entulho que tinha sido largado ilegalmente.” A situação foi denunciada à PSP, diz.