Há 25 anos, uma zona decadente de Lisboa foi reabilitada para acolher a exposição mundial. A capital ficou mais próxima do rio Tejo e lisboetas começaram a frequentar mais jardins.
Corpo do artigo
Há 25 anos, quase dez milhões de pessoas de todo o Mundo rumavam a Lisboa para participarem num dos maiores eventos que o país já recebeu: a Expo'98. A exposição mundial foi um sucesso, estudado fora do país, e transformou para sempre a ligação da capital ao rio e a forma como se usa o espaço público na parte oriental de Lisboa, contaminando o resto da cidade. Uma zona industrial degradada foi requalificada em tempo recorde para acolher o evento. Para Cristina Castel-Branco, arquiteta paisagista, "fez-se uma cidade nova sobre terrenos altamente poluídos".
Os vulcões coloridos a jorrarem água ao longo de uma extensa área pedonal, os pavilhões temáticos e as cabinas do teleférico a percorrerem a frente ribeirinha contam um pouco da história da maior exposição mundial realizada em Portugal. Quem passeia hoje pelos jardins do Parque das Nações, principalmente os mais novos, tem dificuldade em acreditar que, durante muitos anos, naquela área verde com cerca de 80 hectares (área equivalente ao mesmo número de campos de futebol), só havia fábricas e armazéns abandonados, a petrolífera portuguesa Sacor e uma lixeira a céu aberto.
Caso de estudo no Mundo
Numa área decadente da capital surgiu uma das zonas habitacionais mais nobres e privilegiadas da cidade, e uma nova freguesia, o Parque das Nações.
Para José Moreno, o primeiro morador e ex-presidente da freguesia mais recente de Lisboa, a Expo'98 "deu um contributo enorme para a cidade, que cresceu muito com o turismo que veio a seguir". "Foi um caso de estudo de professores universitários das mais importantes universidades de todo o Mundo. Foi um projeto construído de raiz, que era vendido no estrangeiro como uma imagem de inovação da cidade", recorda ao JN.
10 milhões visitaram a Expo"98 entre 22 de maio e 30 de setembro de 1998, em Lisboa. Só no último dia estiveram 200 mil pessoas.
Cristina Castel-Branco diz que se fez "uma cidade nova sobre terrenos altamente poluídos" e que as pessoas começaram a usufruir mais do espaço público. "Passaram a sentar-se no relvado, o que não faziam antes da Expo. Tudo isso, a ligação com o rio, os passeios ao longo do Tejo, foi inovação da Expo e nunca mais parou", observa.
A arquiteta paisagista, responsável pelo projeto do Jardim Garcia de Orta, no Parque das Nações, frisa ainda que "apresentamos pela primeira vez o sapal do Tejo à população urbana".
Jorge Gonçalves, geógrafo, também concorda que "a zona ribeirinha lisboeta saiu muito beneficiada com a exposição", não deixando de reparar que a requalificação da frente estuarina "acaba por ser mais efetiva quando existem datas marcadas".
"Se demorámos 25 anos para quase completar a mudança na frente ribeirinha de Lisboa, veja-se como agora, em alguns meses, se pensou, preparou e construiu o amplo espaço vizinho ao rio Trancão para receber a Jornada Mundial da Juventude", nota, referindo-se à requalificação em curso desta parte da cidade.
Cristina Castel-Branco lamenta que a Expo'98 "não tenha servido para se ter aberto a ligação direta por barco com a Margem Sul, havendo o Cais da Matinha e o Cais da Expo, que poderiam ter sido restaurados para trazer a população do Montijo, Alcochete e Moita para esta nova cidade".
Atrações
Pavilhões
A exposição mundial tinha cinco pavilhões temáticos: de Portugal, da Utopia, do Futuro, do Conhecimento dos Mares e o Oceanário.
Mascote
O Gil foi a mascote da Expo'98, em homenagem a Gil Eanes, que dobrou o Cabo Bojador em 1434. Há vários no Parque das Nações.