M. Costa e Silva anunciou pedido de insolvência.
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Mais 200 trabalhadores do sector do calçado estão, desde ontem, no desemprego. A empresa M. Costa e Silva, de Cesar, Oliveira de Azeméis, reuniu com os trabalhadores e anunciou o pedido de insolvência.
"Boa sorte e se não for antes encontramo-nos todos no Centro de Emprego na próxima semana" afirmava um funcionário, enquanto se despedia emocionado dos restantes colegas de trabalho que, ontem, recebiam a confirmação do encerramento da M. Costa e Silva.
Já foi considerada uma das empresas modelo do sector e alvo de visitas de destacados políticos nacionais. Ontem, a administração da M. Costa e Silva chamou os funcionários à empresa e comunicou-lhes que a mesma iria entregar no Tribunal o pedido de insolvência e prometeu entregar a carta de rescisão do contrato de trabalho na terça e quinta-feira da próxima semana.
"O patrão disse-nos apenas que já não aguentava mais e que por isso a fábrica tinha que encerrar". "Já estávamos a prever que isto viesse a acontecer", adiantou uma das funcionárias, ao JN. "Alguns de nós ainda concordaram em vir trabalhar de manhã", lembrou outro funcionário que, apesar de ter ordenados em atraso, não recusou o pedido da administração para ir acabar uma encomenda.
Há meses que a empresa dava sinais de dificuldades com os trabalhadores a serem enviados para casa por longos períodos de tempo a que se juntaram vários meses de salários em atraso, que iam sendo pagos de forma arbitrária.
Junto aos portões da empresa,a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores Sector do Calçado de Aveiro e Coimbra, Fernanda Moreira, mostrava a sua indignação perante a alegada passividade dos funcionários.
"Como é que podem permitir que anunciem o encerramento da empresa e não vos passem de imediato as cartas para o fundo de desemprego?". "Desta forma nunca mais vão receber os vossos direitos" alertava a coordenadora.
Fernanda Moreira lembrou os consecutivos pedidos de insolvência das empresas do sector do calçado para acusar o Governo e entidades do Estado de não efectuarem uma fiscalização efectiva. "É inadmissível que se leve a efeito um processo de insolvência como este e que não haja nenhuma entidade a fiscalizar todo o processo", disse.
A administração da empresa não se mostrou disponível para prestar qualquer esclarecimento ao JN e comunicação social presente.