Trabalhadores da empresa de Vila do Conde têm dois meses de salários em atraso e foram obrigados a acionar o Fundo de Garantia Salarial.
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A Iberodye apresentou-se à insolvência e atirou 52 trabalhadores para o desemprego. Saem com dois meses de salários em atraso e vão, agora, recorrer ao Fundo de Garantia Salarial. Afogada em dívidas, a tinturaria de fios e malhas, sedeada em Macieira da Maia, Vila do Conde, estava há mais de um ano em dificuldades.
"Desde que a pandemia começou que a situação se vinha agravando: começaram a pagar os salários aos bocados e o trabalho era pouco", explicou, ao JN, um funcionário, que preferiu não se identificar.
Em janeiro, a EDP foi à fábrica cortar a luz por falta de pagamento. Estiveram uns dias com um gerador a alimentar a unidade. Perceberam, nessa altura, admite o trabalhador, que a situação era "muito grave". Dias depois, tinham uma
nova empresa a fornecer energia elétrica.
No ano passado, durante o confinamento, os trabalhadores estiveram em lay-off. Este ano, em fevereiro e março, a situação repetiu-se: "Íamos para casa, à vez, duas semanas".
No final de janeiro, cerca de metade dos mais de uma centena de funcionários foram alvo de despedimento coletivo. Os restantes saíram, agora, numa rescisão por falta de pagamento. Não recebiam desde 15 de fevereiro.
"Estivemos à espera de completar os dois meses de salários em atraso para podermos rescindir sem perder os nossos direitos", diz o mesmo funcionário, lamentando a atitude da administração da empresa que "não teve nenhuma consideração" pelos que ali trabalhavam, "muitos com 15, 20 e 25 anos de casa".
"Empresa promissora"
Os 52 empregados ficaram, no dia seguinte, a saber que a Iberodye se apresentou à insolvência. Receberam os documentos para pedir o fundo de desemprego, mas, ainda assim, agora, "a correr bem", só em maio irão receber. "São três meses sem salário. Numa altura destas, muitos não estão a aguentar", sublinha.
A empresa tem dívidas de luz, água, Segurança Social, Finanças, banca e vários fornecedores.
A empresa já foi Belfil, Condytinge e depois Iberodye. Em 2011, a Condytinge faliu e surgiu a Iberodye, com as mesmas instalações e administração.
Em 2018 e 2019, a Iberodye investiu mais de 3,4 milhões de euros na modernização da fábrica, num projeto apoiado pelo Portugal 2020. Em 2018, o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação distinguiu a empresa como uma das empresas mais promissoras a nível nacional.