Começou ciclo de feiras na Região Centro, onde as ovelhas já não têm pasto e são alimentadas a ração.
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Em plena época de inverno, os pastores da Região Centro estão a alimentar os rebanhos com ração, fardos de palha e feno porque a falta de precipitação não deixa crescer a erva nos prados. Depois de um ano horrível como o de 2017, em que os fogos florestais reduziram a cinzas os campos, o início de 2019 ainda não é satisfatório para os produtores de queijo. "Este ano está a ser pior porque o verão de 2018 estendeu-se muito, o inverno não fez pastagens e seria nestes meses que os rebanhos deveriam produzir mais", lamenta Carlos Lopes, produtor de Germil, em Penalva do Castelo, onde teve ínício no passado fim de semana a primeira feira de queijo da região (agenda ao lado). O setor não tem tido melhorias de ano para ano.
Os pastores já começam a ser cada vez menos. "Têm de comprar todos os anos alimento para o gado, encarece toda a produção. Os produtores de queijo estão sempre a queixar-se, mas a verdade é que o setor tem de ser apoiado", acrescenta o produtor, que faz quase oito toneladas de queijo por ano. Em 2019, essa produção vai sofrer uma redução na ordem dos 30%.
Um dos maiores produtores da zona da Covilhã e Fundão, Daniel Amarelo, que produz o queijo artesanal Damar, diz não existirem motivos para que o produto deixe de ter qualidade, o problema é a falta de leite. "O clima altera tudo", lamenta o empresário, que fala numa redução de 15% de produção. "Continuaremos a estar nos certames de venda na região e mantemos a nossa quota de exportação nos 25%, porque temos produtos em reserva", adianta.
Escola de pastores
Entretanto, 15 entidades vão investir mais de dois milhões de euros na valorização de três queijos da Região Centro. O projeto prevê a criação de uma escola de pastores em escolas agrárias e queijeiros e é liderado pelo Inovcluster (Associação do Cluster Agroindustrial do Centro), em Castelo Branco.
O programa está direcionado para os queijos DOP - Denominação de Origem Protegida - da Beira Baixa, Serra da Estrela e Rabaçal. "Temos globalmente produtos de muita qualidade. Desde a rotulagem à imagem, passando pela comercialização e internacionalização. Não temos é muita quantidade, portanto, carece trabalharmos todos juntos para conseguirmos posicionar este produto não só a nível nacional, mas também a nível internacional", resume Cláudia Domingues, responsável por aquela entidade.
PRODUÇÃO
436 mil quilos de queijo DOP é quanto a Região Centro produz anualmente. A produção tem vários problemas, como a pouca atratividade da atividade para as camadas mais jovens e a redução do efetivo animal.
82% das queijarias da Região Centro são de DOP Serra da Estrela. Segue-se a DOP Beira Baixa com 10% das queijarias e a DOP Rabaçal com 8%. As produções anuais são inconstantes de ano para ano.