Cármen Fonseca tinha gravidez de risco. Bebé está bem. Hospital de Vila Real diz que seguiu "boas práticas clínicas", mas abriu inquérito.
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A família de uma mulher que morreu poucas horas após o parto, na quinta-feira, no hospital de Vila Real, está a aguardar o resultado da autópsia para decidir se apresenta queixa contra a equipa médica por alegada negligência. A vítima é Cármen Fonseca, de 39 anos, natural da freguesia do Seixo, no concelho de Carrazeda de Ansiães. Trabalhava em Alijó, nos serviços de escritório e armazém de uma clínica dentária. A irmã de Cármen, Tânia Fonseca, contou ao JN que ela tinha uma "gravidez de risco", devido "à idade e ao facto de ser diabética". Na tarde da passada quarta-feira, a grávida entrou na maternidade do hospital de Vila Real com muitas contrações e ficou internada. Na manhã do dia seguinte foi submetida a uma cesariana de urgência. O bebé nasceu bem, por volta das 9 horas. A mãe morreu à noite.
"Não nos conformamos", acentua Tânia. A família não consegue entender como foi possível "esperar tantas horas por uma cesariana, depois de saberem que se tratava de uma gravidez de risco" e de a irmã "ter chegado às urgências cheia de dores e a sangrar".
Bebé fica com o pai
Os familiares de Cármen estão convencidos que se tratou de um caso de "negligência médica", mas preferem "esperar pelo resultado da autópsia" para decidir se apresentam queixa contra a equipa médica envolvida. Para já, fica a revolta em forma de alerta para "evitar que haja mais casos como este".
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que gere os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego, informou, em comunicado, que "todo o processo assistencial decorreu seguindo as boas práticas clínicas estabelecidas para este tipo de intervenção".
Tânia não ficou convencida e adiantou que "os protocolos são bons e podem ser seguidos para grávidas que não sejam de risco". "Os médicos poderiam ter atuado de forma melhor e diferente, e hoje poderíamos ter a nossa irmã connosco", vincou.
"Por uma questão de rigor e transparência", o CHTMAD decidiu instaurar um processo de averiguação pela morte da parturiente. O Conselho de Administração manifestou também o seu "sentido pesar à família da utente".
Entretanto, o bebé Martim, que nasceu com 3,2 quilos e que está estável, vai ficar com o pai, companheiro de Cármen Fonseca.
Setúbal
Vânia Graúdo, 42 anos, entrou no Hospital de São Bernardo para dar à luz o terceiro filho, no dia 1 de agosto. Morreu após dois dias, horas depois do parto. Embolia por líquido amniótico foi a causa apontada.
Viseu
A 5 de março de 2013, Gabriela Domingos, de 28 anos, morreu no hospital de Viseu, poucas horas depois de ter dado à luz. O bebé, Duarte, ficou bem. Familiares queixaram-se de negligência da equipa médica.
Aveiro
No dia 12 de maio de 2010, uma mulher de 35 anos morreu no Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, vítima de paragem cardiorrespiratória. O feto foi retirado já sem vida através de cesariana.
Lisboa
A 14 de agosto de 2010, Vanda Miranda morreu após 26 horas em trabalho de parto, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa