Dois homens morreram depois de terem recorrido ao Hospital de Faro. Os casos aconteceram na mesma semana em que uma troca na identificação de dois corpos na morgue daquela unidade hospitalar levou a que um francês fosse cremado contra a vontade da família, tal como o JN noticiou.
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Na quarta-feira, Vítor Rosa, de 63 anos, foi encontrado inanimado na casa de banho do hospital. Segundo a família, tinha dado entrado cerca de oito horas antes, por ter sofrido vários desmaios. Ainda foram realizadas manobras de reanimação, mas sem sucesso.
"O nosso sentimento é de revolta contra a falta de recursos que há naquele hospital.", disse a filha, Carina Rosa, lamentando a demora no atendimento e adiantando os familiares que tentaram acompanhar o doente tiveram dificuldades em "obter respostas sobre o que se estava a passar".
"O meu pai foi jogado numa maca, num corredor de hospital" e "não teve acompanhamento para ir à casa de banho", lamentou. A autópsia revelou que teve um enfarte.
Precisamos urgentemente de um novo hospital porque este não tem mãos a medir, não tem recurso
A família pondera "fazer queixa do hospital", acrescenta Carina Rosa. "Alguma coisa tem de ser feita, pelo meu pai e pelos outros que necessitam de cuidados. Precisamos urgentemente de um novo hospital porque este não tem mãos a medir, não tem recursos", justifica.
Na terça-feira, Nuno Raposo, de 36 anos, dirigiu-se ao mesmo hospital. O irmão, João Raposo, conta que o doente teve alta e estaria já de regresso a casa, quando recebeu um telefonema e "os médicos chamaram-no outra vez para o hospital". Faleceu pouco depois. Terá tido um enfarte e, apesar das manobras de reanimação, não foi possível salva-lo.
"Sentiu falta de ar pelas 5 horas e chamamos a ambulância. Foi para Albufeira e depois seguiu para Faro", descreveu João Raposo, explicando que Nuno tinha "diabetes, tensão alta e colesterol", mas não "problemas cardíacos".
Administração não comenta
"Não sabemos como fazer, mas queremos perceber o motivo pelo qual lhe deram alta e não o deixaram internado", desabafa João Raposo.
O hospital não se pronuncia publicamente sobre os casos, mas uma análise interna não terá detetado erros. "O Conselho de Administração não comenta. Os processos clínicos foram revistos, não se justificam mais esclarecimentos ou inquérito", referiu o hospital, lamentando "cada um dos óbitos, apesar dos atendimentos prestados em urgência".