Família de homem que morreu em Foz Côa desmente Sindicato dos Técnicos de Emergência
Dizem que a falta de assistência médica motivada pela greve poderá ter levado à morte de um homem em Foz Côa. Filho nega, critica "aproveitamento" e admite agir judicialmente contra a estrutura sindical.
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A família do homem, de 74 anos, que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) admitiu ter morrido na madrugada desta quarta-feira em Castelo Melhor, Foz Côa, por falta de assistência médica avançada motivada pela greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, está a pensar agir judicialmente contra o referido sindicato por "aproveitamento politico" da morte de Fernando Urbano. "A morte do meu pai está a ser aproveitada para as politiquices do INEM e isso não admitimos porque não houve falha de assistência médica. O meu pai faleceu de morte súbita, os bombeiros chegaram rapidamente mas ele já estava morto", afirmou hoje ao JN o filho Luís Urbano.
O presidente do STEPH, Rui Lázaro, afirmou que esta quarta-feira que "a falta de suporte de vida originada pela inoperacionalidade da ambulância SIV de Foz Côa [devido à greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar], aliada ao facto da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) estacionada na Guarda não chegar em tempo útil ao local do acidente, impediu a vítima de ter acesso a cuidados de emergência médica avançados".
O comandante dos bombeiros de Foz Côa, Rui Ramalho, disse à Lusa ter recebido um alerta via Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) na madrugada, às 1.36 horas, para um acidente doméstico que ocorreu em Castelo Melhor. "A ambulância SIV estacionada em Foz Côa também foi acionada, só que não compareceu devido à greve" dos técnicos de emergência pré-hospitalar ao trabalho extraordinário, afirmou o operacional.
De acordo com o comandante, foi acionada a ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estacionada no quartel dos bombeiros de Foz Côa. "Os nossos operacionais deslocaram-se ao local, tendo verificado que se tratava de uma queda da cama de um homem de 74 anos", frisou à Lusa Rui Ramalho.
"Morte súbita"
"Eles foram rápidos a chegar, mas o meu marido não caiu da cama", esclarece Maria Urbano. "Ele acordou e disse que queria ir à casa de banho, sentou-se na cama e disse-me que se estava a sentir mal, mas depois afirmou que já estava melhor. Passados uns instantes, enquanto fui à casa de banho, deu-lhe alguma coisa e quando vim ele já estava no chão". Os bombeiros, continua a esposa ao JN, "tentaram reanimá-lo, perguntei se já estava morto, disseram para telefonar depois para o Serviço de Urgência de Foz Côa, foi o que fiz e nessa altura a médica disse-me que ele tinha falecido, de morte súbita, que não havia nada a fazer, estivesse ele em casa ou noutro local", conta Maria, que elogia a rapidez dos bombeiros.
A ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Foz Côa esteve parada desde as 20 horas de terça-feira até às 8 horas de hoje, devido à greve por tempo indeterminado dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que exigem medidas do Governo para tornar a carreira mais atrativa.
O JN questionou o INEM mas não obteve resposta.