Herdeiros entregaram documentação e pagaram imposto de selo em maio do ano passado. Continuam sem resposta.
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Quando trataram da habilitação de herdeiros, Paulo Cunha e Luís Freitas não imaginavam a saga por que haveriam de passar para resgatar do banco, em Santo Tirso, o dinheiro deixado pela tia, falecida em meados de abril do ano passado. Quase um ano depois, continuam à espera de receber a herança.
"A 22 de maio, fornecemos os documentos que o banco solicitou e pagou-se logo o imposto de selo. Entregamos tudo o que o banco pediu para resgatar o que está lá depositado. Aliás, já nos pediu novamente os mesmos documentos", estranha o advogado da família, Hernâni Gomes, que não compreende o impasse.
Entretanto, os herdeiros já despenderam perto de 12 mil euros na liquidação do imposto de selo, uma verba que contavam recuperar através do levantamento do dinheiro depositado no balcão do Millennium BCP.
"Pensámos que pagar logo o imposto era mais rápido do que propor ao banco descontar esse valor na herança. Cada um deu a sua parte, mas é muito. E o banco não liberta o dinheiro. As pessoas estão sem dinheiro, e faz falta", lembra Luís Freitas, filho do cabeça de casal da herança, que será dividida por quatro.
"Não somos ricos. Pelo menos se o banco dissesse que se passa isto ou aquilo... Mas não dizem rigorosamente nada", critica o filho de uma das herdeiras, Paulo Cunha, que já se deslocou mais do que uma vez ao balcão do banco, no centro de Santo Tirso, com o primo e com o advogado. A última foi em março, "e o funcionário esteve um quarto de hora à frente dos três, a mexer no computador, sem dizer uma palavra. No fim, disse que não tinha sistema", recorda, indignado.
"Estamos há um ano à espera de uma solução, e o banco não dá explicação. É o próprio banco que está a causar isto tudo, sem justificação nenhuma", condena Hernâni Gomes. O advogado sublinha ainda que o processo deveria ter ficado concluído "no máximo em dois meses", o que, considera, "já é muito, porque sendo apresentados todos os documentos - habilitação de herdeiros e imposto de selo pago - nada mais é necessário".
O JN questionou o banco Millennium BCP, mas não obteve resposta.