Parceria entre a ULS de Braga e o Hospital de São João, no Porto, permite avaliar o coração de bebés à distância.
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A Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga está a realizar teleconsultas regulares de ecocardiografia, na área de cardiologia pediátrica, numa parceria com o Hospital de São João, no Porto, que é desenvolvida através da plataforma Live, disponibilizada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Este novo modelo permite uma orientação e colaboração síncronas entre as duas instituições: o bebé está no Hospital de Braga, onde é realizada a ecografia cardíaca, enquanto a cardiologista, que se encontra no Porto, consegue acompanhar todo o exame em tempo real por videoconferência.
Minutos antes de se iniciar uma das consultas, a médica Maria Albina Ramires, pediatra neonatologista da ULS de Braga, certifica-se de que tudo está operacional e testa, pela última vez, o ecógrafo e o computador, antes de receber o pequeno Gustavo, um recém-nascido cuja ecocardiografia será avaliada à distância pela cardiologista pediátrica Sofia Granja. “Já estamos conectados, podemos avançar”, assegura a pediatra, partindo para o exame.
O desenvolvimento do projeto de parceria entre as duas unidades de saúde, que começou no final de março, fez com que as teleconsultas, que inicialmente eram apenas destinadas a recém-nascidos internados em cuidados intensivos, passassem a abranger lactantes. “Trata-se de uma ecografia cardíaca morfológica, realizada quando temos alguma dúvida quanto à estrutura do coração, o que leva a fazermos este exame que é acompanhado, do outro lado, pela cardiologista do Hospital de São João”, explica Maria Albina Ramires, para quem esta “é uma ajuda precisa e uma ferramenta essencial para melhorar os cuidados prestados”.
A médica da ULS de Braga vê inúmeras vantagens. “Permite maior proximidade entre os utentes e os profissionais do nosso hospital, evitam-se deslocações para o Porto, o que é especialmente complicado com recém-nascidos, e temos a validação imediata de alguém que é especialista na área. Eu sou pediatra, mas tenho um cardiologista a validar o exame, a ver o que é feito em tempo real, isso é uma mais-valia muito grande”, sublinha Maria Albina Ramires.
Trabalho em rede
Este “trabalho em rede”, como lhe chama Sofia Granja, a médica que está do outro lado do computador, “iniciou-se há dois anos”, quando os profissionais da unidade de cuidados intensivos neonatais da ULS de Braga começaram a receber formação. “Agora, foi possível avançarmos com as teleconsultas, que realizamos à sexta-feira, de 15 em 15 dias”, explica. A cardiologista pediátrica do São João enaltece a “particularidade” da ULS de Braga ser um centro de referência para grandes prematuros, que são “bebés muito difíceis de manipular”, o que pode provocar “instabilidade” e faz com que as deslocações sejam algo a evitar. “As teleconsultas permitem-nos fazer um acompanhamento próximo e não implicam grande investimento: a plataforma está disponível no SNS e utilizam-se recursos que já existem. É um bom exemplo de articulação entre os dois hospitais”, entende Sofia Granja.