Joel Monteiro, a mulher, Vânia, e os quatro filhos menores são uma das duas famílias que, esta terça-feira, tiveram de deixar o apartamento do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana que ocuparam no bairro do Griné, em Santa Joana, Aveiro, sem autorização, há quase três anos. A família admite a ocupação ilegal, mas diz que precisava de um teto e tem vindo a tentar regularizar a situação.
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"Se tivesse condições, certamente não estaria aqui nem entrava dentro da casa. Se entrei é porque tenho necessidade", explica Joel Monteiro, sublinhando que espera há "17 anos" que lhe seja atribuída uma habitação social.
O morador conta que o T3 que ocupou era um dos vários apartamentos devolutos naquele bairro. Quando se instalou, fez algumas reparações para o tornar habitável e avisou o IHRU. "Queria que me atribuíssem uma renda acessível, para poder viver lá. Nunca ouviram os nossos pedidos".
Agora, "vamos para a rua", lamenta Joel Monteiro. A Segurança Social poderá disponibilizar uma solução de alojamento, mas será "provisória", acrescenta.
Há mais famílias a ocupar ilegalmente, que correm o risco de despejo
Em abril o JN já noticiara a retirada de outras famílias. Segundo foi possível apurar, há mais pessoas que recorreram a esta prática de ocupação ilegal no Griné e correm o mesmo risco de terem de sair.
"Estas pessoas não são culpadas, são vítimas", defende Helena Souto, do movimento Habitação Hoje!, apontando para várias casas desocupadas e emparedadas naquele bairro. "As rendas estão a aumentar desde 2017, subiram 38% no mercado privado e, ao mesmo tempo, só há 2% de habitação pública", referiu, explicando que a necessidade de ter um teto leva muitas famílias a "ocupar casas" desabitadas.
O JN não obteve resposta do IHRU em tempo útil. Contudo, em abril, aquele instituto havia referido que "este tipo de ocupações ilegais impedem as intervenções de reabilitação das habitações ocupadas e, como tal, a respetiva atribuição a famílias que aguardam, em listas de espera e no cumprimento da lei, o acesso a uma habitação pública".