"Podíamos ir ao restaurante, mas não podíamos ir à praia? Não fazia muito sentido", diz Rui Amorim. Ainda assim, não critica. "Não queria estar na pele" da dupla - Graça Freitas e Marta Temido - que, há dois meses, "dá o corpo às balas" na gestão da pandemia.
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A "coisa tem corrido bem" e, por isso mesmo, há que acatar. Hoje, já com a ida à praia permitida, não hesitou. As pequenas Maria Flor, de 5 anos, e Carolina, de 2, agradeceram e, entre o mar e a toalha, davam saltos de alegria.
"É ótimo para elas! É um sítio 'super-agradável', arejado e onde é perfeitamente possível manter as distâncias", completa Teresa. A família escolheu a praia Verde, ali mesmo ao pé de casa, junto às piscinas municipais da Póvoa de Varzim.
Nas praias urbanas, quer na Póvoa, quer em Vila do Conde, meia dúzia de pessoas, espalhadas. Algumas crianças a banhos. O obrigatório distanciamento.
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"Parte um bocado da consciência das pessoas. Já se afastam naturalmente", diz Teresa. Ainda assim, os dois admitem que, no verão, sobretudo aos fins de semana, assegurar distanciamentos ali, numa das mais movimentadas praias da cidade, "não vai ser fácil".
É o convívio das pequenas com outras crianças que mais custa ao casal ter que evitar nesta "quarentena".
"É uma tristeza para elas. O que mais sentem falta é isso: ir ao parque, poder brincar com outros meninos", conta Teresa. O coração de mãe está apertado: ""Não dês beijinhos e abraços, não partilhes os brinquedos..." Que seres humanos estamos a criar?", reflete. Hoje, houve, pelo menos, sol e mar. Já é "uma primeira alegria".
Mais à frente, estavam Liliana Antunes e Ana João Ferreira. "A primeira ida à praia do ano. É maravilhoso! A vitamina D faz-nos falta", diz Liliana. O sol e o cheiro a maresia têm, depois de dois meses de confinamento, "um sabor especial". Liliana é feirante. Está há dois meses sem trabalhar.
Prepara, agora, o regresso. "Sou de obedecer e, por isso, cumpri tudo à risca, mas não devemos parar a vida e, muito menos, a economia. As pessoas precisam de dinheiro para sustentar a casa", remata, satisfeita com a "reabertura" do país e confiante no "bom senso das pessoas".