A Câmara de Vila Franca de Xira já informou as onze famílias que habitam num prédio em risco de ruir, de que vão ter de abandonar o edifício rapidamente, mas assegura que "ninguém ficará na rua".
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A decisão foi transmitida pela autarquia aos moradores numa reunião na noite de quarta-feira.
A agência Lusa teve acesso, na segunda-feira, a um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), datado de julho, a recomendar a retirada das famílias que habitam nesse lote, já que o do lado, desabitado, ameaça ruir.
"Quando está em causa a segurança de pessoas e bens é preciso decidir rapidamente. Não sabemos se aquilo [prédio] aguenta um dia, um ano ou dez anos, mas quando nos dizem que pode colapsar a qualquer momento, temos de decidir e rápido", disse a presidente do município, Maria da Luz Rosinha (PS), no final da reunião.
O LNEC refere que, "tendo em vista a salvaguarda da vida das pessoas", as recomendações da inspeção realizada a 28 de fevereiro, constantes nesse relatório de julho, foram enviadas à câmara a três de março.
Noutro parecer, de setembro do ano passado, o LNEC alertava para o risco de derrocada, e recomendava que as intervenções de reabilitação dos edifícios fossem feitas com a "máxima urgência possível", em articulação com a estabilização do talude, que continua a ceder ao movimento das terras da encosta do Monte Gordo e a fazer pressão sobre os prédios, com mais de 15 anos.
Maria da Luz Rosinha disse que a câmara dispõe de habitações para realojar as famílias, e assumiu o compromisso de que o município "não vai deixar que ninguém fique na rua".
Contudo, a decisão de realojar as famílias em residências camarárias não é pacífica entre alguns dos moradores, que ficaram "indignados" com a "falta de planeamento" da câmara vilafranquense.
"Não sabemos quando é que temos de sair das nossas casas nem para onde e em que condições é que vamos ser realojados. Além de não sabermos como fica a situação do nosso prédio, pois esse é o outro problema", lamentou um dos moradores, à agência Lusa, o qual pediu para não ser identificado, e teve o apoio de outros proprietários nas críticas ao município.
Em resposta, a autarca disse que "está a terminar uma auditoria por parte do LNEC aos projetos, que determinará a responsabilidade dos problemas que os edifícios apresentam. A câmara assumirá as responsabilidades que lhe couberem".
Para já, acrescentou, o município assume as obras no talude e aguarda o resultado da auditoria.
Está marcada para segunda-feira uma reunião com os técnicos do LNEC e os moradores, onde serão transmitidos os resultados dessa auditoria.
O lote 1 faz parte de um conjunto de três blocos, de seis andares cada, construídos há mais de 15 anos na rua de Quinta de Santo Amaro, na zona da encosta do Monte Gordo. " semelhança do lote 3, apresenta fendas e fissuras no exterior e no interior de muitos dos apartamentos. No inverno chega mesmo a chover dentro das casas.
O lote 2, que está desabitado e fechado a cadeado por questões de segurança, "descolou" dos restantes dois blocos e está inclinado para a frente vários centímetros, pressionado pelo movimento das terras da encosta, correndo o risco de ruir e de provocar a "instabilização" do lote 1 e "danos no lote 3", praticamente todo habitado.
Além disso, o seu desabamento pode ainda atingir outras vivendas construídas nas imediações do prédio, refere o relatório do LNEC.