Menos 12 euros por mês para 33mil famílias. É esta a redução da fatura da água que entra em vigor já em dezembro em Vila do Conde. O presidente da Câmara, Vítor Costa, fala num "dia histórico", em que o concelho "deixará de ser o que tem a água mais cara do país". A oposição votou contra. Vê no acordo um "negócio da China" para a concessionária, que vai pôr "todos a pagar menos por mais tempo", penaliza o comércio e duplica a fatura mensal das juntas de freguesia.
Corpo do artigo
Uma redução de 35% para as 33300 famílias que gastam até 10 m3 (90% dos clientes) de água por mês. Pelo menos 25% para os restantes consumidores domésticos. Aumentos congelados para indústria e comércio com gasto mensal até 10 m3 e escolas, universidades, clubes e instituições. São estas, explicou, ontem na assembleia municipal, Vítor Costa, as vantagens do quarto aditamento ao contrato de concessão com a Indáqua, que detém a concessão da água no concelho vilacondense.
O presidente diz que "prometeu e cumpriu" e, "finalmente, Vila do Conde terá um preço da água justo". As mudanças, garantiu, "entram em vigor já em dezembro".
Do lado da oposição, Marta Simães, do movimento NAU, tem outra opinião: "uma operação de cosmética enganadora", que "prolonga em 10 anos a concessão" (válida, agora, até final de 2058), "aumenta 10 a 20 euros por mês a fatura de pequenos talhos, restaurantes e cafés", "duplica a fatura das juntas de freguesia" e "legitima" a taxa de disponibilidade de serviço para quem, tendo a rede à porta, não fez a ligação, que "passa a pagar, ainda que sem ter serviço, mais de 15 euros por mês".
Carlos Duarte, do PSD, junta a estes argumentos os 400 mil euros de que a Câmara abdica por ano (250 mil da renda que recebia da Indáqua e cerca de 150 mil da água de rega, que passará, agora, a pagar). "Até ao fim da concessão são 14,4 milhões de euros", denuncia.
"São 14,4 milhões em troca de devolver 170 milhões aos vilacondenses", sublinha João Fonseca, do PS, lembrando o 3.º aditamento, negociado, em 2019, pelo executivo NAU, que trouxe "zero de redução nas faturas", deixou novos investimentos a cargo da Câmara e reduziu substancialmente a renda a pagar pela Indáqua.
"Vamos acreditar que a Entidade Reguladora de Serviços Águas e Resíduos (ERSAR) não se calou por motivos políticos", afirmou ainda Marta Simães, lembrando que, "inexplicavelmente", o regulador esgotou todos os prazos legais e acabou por não se pronunciar sobre este quarto aditamento, cujo parecer era obrigatório. Carlos Duarte desafiou, agora, todos os vilacondenses a verem com atenção a fatura de dezembro e a denunciarem, caso não vejam a redução prometida.