<p>O encerramento da unidade da Delphi em Ponte de Sôr, anunciado em 2008, concretizou-se ontem. Os 436 trabalhadores, que vão começar esta semana a receber as cartas de despedimento, pedem agora ajuda. </p>
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"A empresa vai mesmo fechar as portas no dia 31 de Dezembro e os trabalhadores vão ser despedidos". Francisco Godinho, trabalhador e delegado sindical resumiu desta forma seca a reunião que sindicatos e administração da multinacional norte-americana tiveram ontem em Lisboa.
"Eles garantiram que estudaram todas as hipóteses mas não encontraram forma de viabilizar esta unidade", esclareceu o responsável, adiantado que no final desta semana "os trabalhadores vão começar a receber as cartas de despedimentos".
Francisco Godinho assegura que a empresa "assumiu todas as responsabilidades", acordadas em Abril último. Os trabalhadores vão ser dispensados, no âmbito de um processo de despedimento colectivo, e receberão a indemnização que já tinha sido acordada em 2008. Nessa ocasião, entidades sindicais e administração acordaram um valor de 2,3 salários por cada ano de trabalho, em termos de indemnização.
Segundo o sindicalista, dos 436 funcionários "apenas 10% ainda tem algum trabalho na unidade", pelo que "é previsível que, depois de receber as cartas de despedimento, a maioria dos trabalhadores já não regresse à empresa".
Francisco Godinho recorda que a hipótese de fecho da unidade da Delphi - o maior empregador do distrito de Portalegre - tem sido colocada desde 2007. "É uma situação que se vem arrastando e para a qual os trabalhadores já estavam preparados". Mesmo assim, os momentos são de "angústia", pois no concelho e no distrito "não há alternativas de trabalho".
"Ninguém sabe como irá ser o futuro", frisa o delegado sindical, que lamenta a falta de apoios por parte das entidades locais. "O governador civil de Portalgre nunca nos recebeu e o presidente da Câmara só falou connosco na semana passada", revelou. "Merecíamos mais atenção".
A Federação Intersindical da Química, Metalurgia e Indústrias Eléctricas, afecta à CGTP, vai solicitar audiências ao ministro da Economia e ao presidente da Câmara de Ponte de Sôr, para pedir que encetem diligências no sentido de serem colocadas outras indústrias nas instalações da Delphi, para criar novos empregos.
A unidade industrial, sedeada em Ponte de Sôr há 29 anos, é a maior do distrito de Portalegre, empregando 2,5 % da população do concelho. A empresa produz apoios, volantes e airbags para vários modelos de automóveis.