A Festa das Fogaceiras, que se comemora no dia de amanhã, quinta-feira, em Santa Maria da Feira, é sinónimo de meninas vestidas de branco, mas também da aquisição da tradicional fogaça. Depois de um "ano para esquecer", em 2021, os produtores deste pão doce tradicional esperam recuperar o negócio, muito prejudicado pela pandemia.
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O tradicional cortejo cívico e a procissão vão contar com 31 meninas vestidas de branco com faixas coloridas à cintura e de fogaça à cabeça, em vez das quase 300 que, em anos anteriores, marcavam presença.
Também a avalanche de gente, que por este dia se acotovelava na zona histórica, muita para conseguir entrar numa das confeitarias para adquirir a fogaça, deverá dar lugar a uma presença mais contida devido à covid-19.
Depois de, em 2021 as vendas terem sido "residuais", este ano há sinais de retoma, embora longe do cenário antes da pandemia no qual, nos últimos dias, já se teriam vendido milhares de fogaças. "Apesar de contar com clientes habituais, o negócio já não é a mesma coisa. Este vai ser mais um ano de quebra, com menos gente a comprar", confirma Manuel Marques, o "Rei das Fogaças". Antecipa que, menos gente nos festejos, será, inevitavelmente, menos gente a comprar fogaça. "Penso que vai haver uma quebra nas vendas, mas que o tempo, pelo menos, esteja bom para virem mais algumas pessoas", referiu.
Diogo Almeida, do Café Castelo, recorda que, em 2021, a quebra rondou os 60%. "Espero que este ano as coisas melhorarem com a realização da procissão".
Contudo, "o comportamento das pessoas está muito incerto até ao momento. Há dias em que vendemos bem e noutros que quase não se vende nada", explicou.
"Penso que o negócio nunca mais vai ser como era", vaticinou.
Satisfeito com o negócio deste ano, Joaquim Pinto, proprietário da Pastelaria Renascer, não esquece a privação que passou em 2021. "Estive com covid. Tive que anular as encomendas, não vendi nada, foi um ano para esquecer".
Nos últimos dias as encomendas sucedem-se e Joaquim Pinto mostra-se esperançado na retoma do negócio. "Este ano está a correr bem, com muitas encomendas, não tenho razão de queixas".
O presidente da autarquia, Emídio Sousa, garante que "nunca se equacionou a hipótese de não cumprir o voto a São Sebastião", mas explica que, embora cumprindo a tradição na íntegra com cortejo cívico, missa de bênção das fogaças e procissão, o programa envolve "um número bastante reduzido de participantes e acautela as recomendações sanitárias e de segurança" da Direção-Geral da Saúde.
Para aumentar o nível de segurança da iniciativa, a Câmara da Feira "assume a testagem de todos os envolvidos na festividade, desde membros da organização até meninas fogaceiras, e disponibiliza, nas imediações da igreja matriz um posto de testagem para a população que entenda assistir à missa".