Não há casos de infeção registados entre os 224 idosos institucionalizados e os cerca de 200 colaboradores.
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Sempre que entram nos lares do concelho de Felgueiras para cumprirem uma semana de trabalho, todos os colaboradores são testados. O sistema tem funcionado já que, até agora, não há casos de Covid-19 registados nas estruturas residenciais para idosos do concelho, nem entre os 224 seniores, nem entre os cerca de 200 colaboradores.
Antónia Meireles volta a ser testada esta sexta-feira. A diretora técnica do Centro Social Paroquial de Moure regressa ao serviço na segunda-feira, caso o resultado seja negativo. Ali o segredo para proteger os 35 idosos foi agir cedo, por prevenção. Ainda antes de o Governo o decretar, foram suspensas as visitas, encerrados a creche e o centro de dia, apostou-se em equipamento de proteção e foram criadas as equipas "espelho". "Dos 40 trabalhadores nenhum disse que não. Trabalhamos uma semana seguida", conta. Na altura ainda sem testes, algo que só conseguiram fazer mais tarde, com o apoio da Autarquia.
A Câmara de Felgueiras tem vindo a assegurar, até agora, o apoio nos testes de rastreio, de profissionais e utentes afetos aos seis lares do concelho, custeando os mesmos. "É uma medida preventiva absolutamente essencial para proteger ao máximo os seniores institucionalizados", defende Nuno Fonseca, autarca de Felgueiras. "Só há uma forma de o vírus entrar nos lares: é alguém levá-lo lá para dentro! Até ao momento não foi registado qualquer caso positivo nos lares de Felgueiras", garante.
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Covid Drive Thru
Desde o início da semana, numa parceria entre o Município e o Hospital Agostinho Ribeiro, da Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras, está a funcionar no concelho um centro de rastreio Covid Drive Thru, que, acredita Nuno Fonseca, "terá um impacto maior no controlo de casos, pois permitirá testar mais e mais rapidamente". Tem capacidade para até 500 testes por dia, mas a prioridade é dar resposta ao setor social, evitando deslocações a outros concelhos, diz Paulo Coelho, administrador do Hospital, em cujo laboratório os testes são processados.
Uma morte e 275 infetados
Felgueiras teve no epicentro da pandemia em Portugal, juntamente com Lousada, logo no início do surto. A existência de 19 dos 23 casos identificados no Norte nestes dois concelhos levou, a 9 de março, ao fecho de escolas, ginásios, bibliotecas, piscinas e espaços culturais e houve apelos ao recolhimento. O número de casos tem crescido de forma exponencial, a um ritmo superior à média nacional, e chega já aos 275 infetados. O concelho registou já uma vítima mortal, uma mulher de 48 anos, de Margaride, doente oncológica.
Centro de acolhimento
Procurando manter-se "à frente das necessidades", Felgueiras abriu, esta quinta-feira, um centro de acolhimento comunitário com capacidade para acolher até 100 pessoas para dar resposta aos infetados por Covid-19 que, não necessitando de internamento hospitalar, também não reúnem condições para permanecer em casa durante o período de tratamento.
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Apoios
A Câmara tem vindo a adotar várias medidas. Está criada uma rede de apoio, com 70 voluntários e juntas de freguesia, que ajuda famílias em isolamento e seniores sem retaguarda familiar, com refeições e medicação, e dá apoio aos sem-abrigo. Avançou ainda a entrega de cabazes para famílias e alunos com carências especiais. Há uma redução nas faturas de água, saneamento e lixo para famílias com quebra de rendimentos e suspensão do pagamento das mesmas para as empresas encerradas.
Indústria parada
Num concelho que concentra 60% da produção de calçado em Portugal, "quase todas as indústrias pararam, seja por lay-off, por ter casos positivos ou outra situação preventiva", refere o autarca. Isto representa um prejuízo enorme e uma necessidade de mais apoios sociais por parte da Autarquia.