A paixão pela música nasceu com Fernando Lima. Em criança, sempre que via um instrumento, "os olhos brilhavam". Atualmente com 62 anos, vive em Itália e afirma-se "o único português fabricante de violinos em Cremona e reconhecido internacionalmente pela produção de instrumentos da mais alta qualidade".
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Fernando constrói as peças sozinho, vendendo-as para todo o Mundo, a preços que alcançam os 50 mil euros, como é o caso dos violinos.
Uma guitarra portuguesa foi o primeiro instrumento que construiu, aos 15 anos, numa fábrica de móveis na terra onde nasceu, S. João da Madeira. "Falei com o senhor da fábrica para usar o espaço e os materiais, e ele aceitou. Cheguei a casa todo contente, e comecei logo a desenhar o modelo da minha guitarra. Demorou-me quase um ano até finalizar a construção", contou Fernando. Mal acabou, destruiu o molde e o desenho: "Queria que a guitarra fosse a única no mundo, e assim foi. Ainda hoje a tenho e é impossível alguém imita-la".
Viajou por Itália, Alemanha e Inglaterra para aprofundar o seu conhecimento na arte de fabricar os instrumentos. Aos 44 anos foi até Cremona, onde se formou como Mestre Violino pela Escola Antonio Stradivari. Poucos meses depois, abriu a sua própria oficina naquela cidade italiana, onde agora trabalha. Fernando Lima constrói violinos, guitarras, violas e violoncelos, mas afirma preferir "fazer violinos, pois todo o processo é mais difícil". "A construção é sempre um desafio; quando deixar de o ser, paro de produzir", garantiu, admitindo que já perdeu a conta aos instrumentos que fez.
"Para a construção dos violinos é preciso entender o que o pedaço de madeira permite fazer. Não há pedaços iguais, e isso torna cada instrumento diferente e único", revelou, dizendo que há diferenças entre um trabalho mais "mecânico", que levará dois meses, e um mais "artístico", que se faz quando há inspiração.
No seu caso particular, Fernando sublinha que, dado o elevado número de pedidos, às vezes demorar "dois anos" até que os interessados recebam o instrumento.
O mestre faz questão de dar um nome a todos os instrumentos e marca seu ADN. "É para que ninguém possa dizer que não é meu", sustenta. Em cada um coloca uma etiqueta no interior, indicando o nome e o ano de produção. E faz questão de picar o dedo para também deixar ali uma gota do seu sangue.