Recandidata Luísa Salgueiro (PS) resolve com "fair-play" interpelação de adepto do clube de Matosinhos.
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A arruada da presidente e recandidata à Câmara de Matosinhos, decorrida na quarta-feira, não teria tido a mesma espontaneidade sem a interpelação de um ferrinho do clube da terra, zangado com o derrube da bancada do topo norte do Estádio do Mar, onde nascerá o viaduto que sobrevoará a A28, entre Matosinhos e a Senhora da Hora. A autarca sossegou o adepto do Leixões. Será construída uma nova bancada. "Vai ser à moda inglesa, em altura, com lotação para 1500 pessoas", disse ao JN fonte próxima do clube.
Joaquim Ventura, de 81 anos, não é só "um leixonense do fundo coração". Foi atleta do clube, de basquetebol e de futebol. É um nostálgico de tempos áureos do Leixões. O Campo de Santana não lhe sai da lembrança. Os anos mais recentes, mais conturbados, também não o sossegam, sobretudo porque aguarda a reconstrução total dos campos anexos ao Estádio Mar.
Os campos do Complexo Óscar Marques - onde, até 2010, treinavam e jogavam diversas equipas do clube, num pelado e num relvado - foram abandonados mal se soube da perspetiva de ali passar uma estrada entre Matosinhos e a Senhora da Hora. Eram e são terrenos da Câmara, cedidos ao clube. Com a reformulação dos projetos, "foi decidido que o espaço seria novamente utilizado pelo Leixões", explicou Luísa Salgueiro.
"Os terrenos do Leixões onde estavam as bilheteiras há dez anos, também já não são do Leixões. O Leixões vendeu aquilo, ainda eu não estava na Câmara. Agora, estamos a cumprir um plano que tem muito a ver com a mobilidade Matosinhos-Leça, porque toda a gente se queixa que há muito trânsito na rotunda dos Produtos Estrela. O viaduto vai ser construído para garantir essa mobilidade. Por outro lado, a avenida Edison Magalhães, que passa em frente ao Estádio, também está a ser toda alargada, para permitir a ligação à zona do hospital, para ficar uma zona mais moderna e arejada", afirmou a autarca, no diálogo com o adepto.
"Antes de eu chegar - acrescentou Luísa Salgueiro -, o Leixões tinha um PER. Não podia receber apoios da Câmara. O Óscar Marques estava completamente abandonado. Eram dois campos de monte. Fizemos as obras e gastámos lá 1,2 milhões de euros, para pôr algumas equipas do clube a jogar lá, mas ainda não está concluído, falta a segunda fase. E por que é que os campos estavam abandonados? Porque havia a previsão de naquele sítio passar a estrada. Nós tomámos a decisão, neste mandato, de a estrada passar por cima e, portanto, os campos mantém-se para o Leixões", disse a candidata do PS.
Quanto à reabilitação do velhinho Campo de Santana, tão suspirada pelos leixonenses, não tem projeto à vista. "Estamos a sair de dois anos de pandemia. Roma e Pavia não se fizeram num dia", sublinhou a presidente da Câmara.
Mesmo na evidente desilusão com a demora, o decano leixonense não desarma "a paixão pelo Leixões", agora toda digital. "Já não sou sócio, mas recebo todas as comunicações no Facebook. Também estou proibido de ir à bola, porque foi por causa do Leixões que estive muito mal do coração e fui parar ao hospital", rematou Joaquim Ventura.