Numa noite sem frio, embora em alguns momentos a chuva tenha caído, o cortejo que marca o arranque das festas dos estudantes de Guimarães juntou uma das maiores multidões dos últimos anos.
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A noite de 29 de novembro marca o início das festas dos estudantes do ensino secundário da Cidade Berço, em honra de São Nicolau. Este ano, como habitualmente, o Pinheiro saiu das Cancelas da Veiga, próximo do Campo de São Mamede, com o Castelo como pano de fundo, pelas 23 horas. A temperatura amena convidava a ir para a rua e se habitualmente já são muitas as pessoas que se juntam para ver passar o cortejo, este ano foram ainda mais, com os nicolinos, ajudados pela PSP, a terem dificuldade para abrir caminho.
Eram 2.30 horas quando o carro de bois que transportava o Pinheiro chegou à Igreja do Senhor dos Santos Passos, depois de ter passado pelas ruas do centro da cidade. Enquanto o Pinheiro foi erguido, às caixas e aos bombos juntou-se o carrilhão da igreja no toque nicolino.
As festividades prolongam-se até 7 de dezembro, com outros momentos interessantes de acompanhar.
Há muito que as festas dos estudantes, em Guimarães, deixaram de ser só deles, para se tornarem numa celebração coletiva da cidade e até do concelho. Naquela que é apelidada de “noite mais longa do ano” na Cidade Berço, em que os estabelecimentos de restauração e bebidas têm licença para trabalhar até às 5 horas, deve haver muito pouca gente que não ponha o pé na rua, até porque com o rufar das caixas e dos bombos, ninguém consegue dormir.
O toque do Pinheiro já se vinha a ouvir há algumas semanas por causa da Moinas - ajuntamentos para ensaiar o toque, afinar as caixas e que também são aproveitados para comer, beber e conviver. Na manhã desta sexta-feira, as crianças dos jardins de infância da cidade, trajadas a rigor, deram as primeiras notas, no cortejo de Retábulo de São Nicolau, também conhecido como “Pinheirinho”. É neste momento que o juiz da Irmandade entrega o retábulo do Santo à Comissão de Festas, para que fique exposto, até ao final das festas, na sede dos Velhos Nicolinos.
Contudo, aquele que é considerado o verdadeiro arranque das festividades é o cortejo do Pinheiro. Depois do frio e da chuva do ano passado, este ano, uns amenos 15 graus e uma chuva ligeira que, a quem estava a tocar e a marchar, até sabia bem, conjugaram-se para uma grande noite festiva. A cidade saiu à rua e, em locais como a rotunda ao fim da avenida General Humberto Delgado, antes de entrar na rua de Santo António, o povo era tanto que a PSP teve dificuldade em arranjar espaço para o cortejo passar. Já os Velhos Nicolinos, na cabeça do cortejo, tinham atravessado o largo do Toural e passado junto à Torre da Alfândega (Aqui Nasceu Portugal), ainda os carros de bois, com o Pinheiro, estavam na primeira metade da rua de Santo António.
Atualmente, não há na cidade de Guimarães quem não toque uma caixa ou um bombo. Os mais puristas queixam-se que há quem não saiba o toque, que desafinam. O certo é que a festa dos estudantes contagia toda a gente. Há pais a ensinar o toque a crianças pequenas que ainda há pouco aprenderam a andar, além da noite de Natal, esta deve ser a única vez que ficam acordados até tão tarde. O Pinheiro foi colocado ao alto, às duas horas e trinta minutos, junto ao monumento nicolino, ao lado da igreja do Senhor dos Santos Passos, marcando o começo das festividades. Este ano, além do rufar dos caixas e dos bater dos tambores, o carrilhão da igreja também deu o toque nicolino, enquanto o tronco era levantado.
A Festa continua
As Nicolinas prosseguem ao longo dos próximos dias, com momentos mais dedicados apenas à comunidade estudantil - novenas, posses, magusto, danças de São Nicolau e baile nicolino - e outros que também são muito esperados pela generalidade dos vimaranenses - pregão, maçãzinhas e roubalheiras.
O pregão, acontece a 5 de dezembro, e consiste na declamação inflamada de um texto satírico, da autoria de novos ou velhos nicolinos. O estudante-pregoeiro circula pelo Centro Histórico e sobe à varanda da Câmara Municipal, acompanhado por um cortejo tocando o pregão. No dia 6, os estudantes do sexo masculino seguem num cortejo de carros alegóricos, empunhando lanças com maças na ponta, para oferecerem às raparigas que aguardam nas varandas e nas janelas.
O esforço dos rapazes pode ser recompensado pelas moças com pequenas fitas ou presentinhos que atam na ponta das lanças. As roubalheiras, pela sua natureza, não podem ter data anunciada. Neste número, os estudantes “roubam” artigos diversos a empresas e particulares e colocam-nos no largo do Toural, onde os seus legítimos proprietários os têm de ir recuperar. Já apareceram touros, cabras, balizas, betoneiras, entre outras coisas.