No sábado, era grande a azáfama no cemitério de Agramonte, um dos maiores da cidade do Porto, na compra de flores e na limpeza das campas.
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Há menos flores para vender e as velas estão mais caras. Apesar disso, a tradição cumpria-se sábado de manhã no cemitério de Agramonte, no Porto, e era grande a azáfama junto dos vendedores e na limpeza das campas para que amanhã [segunda-feira] "tudo esteja impecável" para a habitual romagem ao cemitério.
Por entre vários jazigos já abandonados, Fernanda Cunha coloca os crisântemos na taça de mármore. "Vir ao cemitério nestes dias é coisa que faço desde pequena, mas só comecei a enfeitar em 1976 quando morreu o meu avô", conta. A lembrança comove-a. Com os anos, mais familiares ali tem. "A gente lembra-se deles todos os dias, mas o dia 1 de novembro é sempre especial", acrescenta.
No exterior, ao longo das ruas de Agramonte e da Meditação, as bancas vão-se enchendo de clientes. E há flores para todos os preços, mas são os crisântemos que dominam por serem os mais resistentes. "O mais caro é o amarelo com uma estrela maior e o ramo custa 7,5 euros. Há depois o crisântemo zembra, em forma de bola, que custa seis e o roxo que fica pelos cinco euros", explica Domingos Ferreira que, com o filho, não tem mãos a medir, dada a grande afluência de pessoas.
A mulher faz o mesmo, mas na feira da Senhora da Hora, em Matosinhos, sendo este o negócio do casal de Nogueira da Maia. As velas, essas, estão mais caras. As maiores andam pelo 1,20 euros e os preços vão descendo à medida que encurta o tamanho, para os 80, 60 ou 50 cêntimos. "Tudo isto é feito com petróleo cujos preços estão elevados", explica Domingos. Manuel Gomes, outro vendedor oriundo de Paredes, confirma.
Cemitério abriu em 1855
Para Maria Celeste Gomes este Dia de Finados é o primeiro. "Nunca tivemos o hábito porque também nunca tivemos grandes perdas na família", conta, enquanto segue sozinha para a entrada do cemitério com uma ramo de flores no braço. Vai enfeitar a campa da mãe que morreu recentemente. Desde então as idas a Agramonte passaram a ser um hábito. Sente-se constrangida em falar do assunto. "É uma saudade que não passa", confessa.
Agramonte, inaugurado em 1855, é esmagador pela arquitetura dos mausoléus e pelos jardins que rodeiam as secções. "Este é um bom regresso porque sempre fazemos mais algum dinheiro", conta o vendedor Manuel Gomes, que só espera que o S. Pedro ajude e que, tanto hoje como amanhã, não chova.