Fogo em Ponte da Barca fintou estratégia de combate e ameaça Mata de Cabril e Germil
O incêndio que lavra há quatro dias em Ponte da Barca fintou novamente os meios de combate e abriu uma nova frente que ameaça a Mata de Cabril, reserva integral do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Num outro flanco, arde em direção à freguesia de Germil.
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No teatro de operações há meios posicionados em três pontos para proteger aglomerados habitacionais. A área ardida já atingiu "mais de três mil hectares", de acordo com o Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Minho, Marco Domingues.
"A estratégia que adotámos de manhã sabíamos que era arriscada e não conseguimos fechar. Colocámos o pessoal todo por cima, acompanhado pelos meios aéreos, e a levar a linha de fogo da Louriça até abaixo, perto da barragem, mas não conseguimos. O vento rodou e não tivemos tempo útil de, dentro da janela de previsão, chegar ao fim do percurso", declarou Marcos Domingues. "O fogo rodou e está ir em direção a Cabril. Temos esse flanco que abriu e está alinhado de vento em direção a Cabril e temos um flanco que está a descer a contravento e em contra declive, em direção a Germil", acrescentou.
No teatro de operações estão, nesta altura, 387 operacionais apoiados por 127 veículos e quatro meios aéreos, entre os quais espanhóis. Marco Domingues defende que a luta contra o fogo em Ponte da Barca esbarra constantemente "na meteorologia e na orologia".
"As estratégias que vamos tentando vão falhando. Há fenómenos meteorológicos muito próprios que não estão vertidos na cartografia, que vão acontecendo. Por exemplo, uma coisa que reparámos ontem à noite foi que, em Louriça, o vento estava a correr de sul. Uma coisa impensável", comentou.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Ponte da Barca pediu ao Governo para acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil ou outros acordos bilaterais com outros países para combater o incêndio. "Falei com a ministra da Administração Interna. Pedi-lhe para acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil ou acordos bilaterais com Espanha ou com outros países que achar mais rápidos que ajudem a combater este flagelo, quer em Ponte da Barca quer no país", afirmou Augusto Marinho.
O incêndio começou no sábado, perto das 22 horas, no lugar de Parada, em Lindoso.