<p>Cavaco Silva fez, ontem, sexta-feira, ma visita surpresa aos agricultores afectados pelos grandes incêndios de há duas semanas, no Sabugal, e pediu-lhes para "manterem o ânimo" e não abandonarem as suas terras.</p>
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Na Aldeia Histórica de Sortelha, epicentro da zona mais atingida, o presidente da República ficou "impressionado" com a dimensão da área ardida, cerca de 12 mil hectares, e com os danos causados, já avaliados em 10 milhões de euros. "Quero que as gentes do Sabugal sintam que não estão esquecidas, nem abandonadas, que podem ser apoiadas e que têm que arregaçar as mangas e terão apoios para continuar aqui na sua terra", disse, após ouvir demoradamente os representantes dos agricultores, criadores de gado e produtores florestais locais, além dos responsáveis da protecção civil e bombeiros.
"Os animais ficaram sem absolutamente nada para comer", garantiu Ismael Carlos, dirigente da Associação de Criadores de Ruminantes (ACRISabugal), para quem a autarquia foi "muito eficaz" na aquisição de forragens. "Mas isso não chega, outras medidas serão necessárias", alertou, enquanto o autarca local, Manuel Rito, revelou terem já sido distribuídas 100 toneladas de forragem aos criadores afectados.
O edil adiantou ter havido contactos com privados para o escoamento da madeira ardida para lenha e biomassa, tendo também sido proposto o pagamento de uma "renda simbólica" aos proprietários mais afectados e negociado com a Autoridade Florestal Nacional um programa de reflorestação da área ardida.
Da parte da Protecção Civil, Cavaco Silva ficou a saber que houve 35 incêndios activos no distrito da Guarda "com várias frentes activas" nos últimos dias de Agosto e início de Setembro. "No Sabugal, os fogos da Ribeira da Nave e Quinta do Anascer começaram na madrugada de 30 de Agosto e a situação só ficou controlada na tarde do dia 1, afirmou António Fonseca, comandante operacional distrital, que lembrou que o combate às chamas foi dificultado por acessos difíceis e tempo seco e quente.
Contudo, Cavaco Silva ouviu alguns presidentes de Junta queixarem-se da actuação dos bombeiros, tendo apelado à serenidade: "O momento não é de criticar. Quando a área ardida é tão grande e as frentes podem surgir de vários lados, temos que revelar alguma compreensão em relação às tarefas desses homens no terreno. Basta olhar para estes penhascos e fragas para perceber as suas dificuldades", respondeu.
Ontem, ficou a saber-se que os agricultores vão poder candidatar-se aos apoios disponibilizados pelo Ministério da Agricultura a partir de depois de amanhã.