Máscara nem sempre é usada e, em alguns casos, não há distanciamento. Jardim da Cordoaria é uma das zonas mais críticas e junta centenas de pessoas.
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É um recomeço que parece deixar para trás a sombra da pandemia. A movida já enche novamente as ruas e as esplanadas do Porto, voltando a ser necessário contornar os grupos de pessoas à conversa. Alguns de copo na mão e nem sempre com máscara a tapar o rosto. A zona mais crítica era, na sexta-feira, toda a envolvente dos jardins da Cordoaria, que concentravam centenas de pessoas. Junto ao coreto, a maioria não usava máscara e parecia alheia às regras de saúde.
"É uma lástima. Acho que se tem de tomar medidas. É um aglomerado enorme de pessoas", disse Paulo Gonçalves, sócio-gerente do café Piolho, um dos mais emblemáticos estabelecimentos da cidade, defendendo um reforço do policiamento noturno.
No Piolho, a noite de sexta-feira foi sinónimo de muito trabalho. A esplanada esteva cheia, mas as regras de segurança foram cumpridas. Dentro do estabelecimento, todos os clientes usavam máscara e o distanciamento social era cumprido. À porta, também não havia ajuntamentos.
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"O movimento já está a começar a retomar. Ainda está um bocadinho aquém do pré-pandemia, mas acho que vai voltar à normalidade brevemente. As pessoas estão ansiosas de andar livres e voltar a circular", revelou Paulo Gonçalves.
Junto ao Piolho e acompanhada por duas amigas, estava Catarina Borges. Afastadas da multidão, as amigas não usavam máscara.
"Não tenho receio porque cabe ao meu critério estar resguardada de quem não conheço e de estar mais confortável junto das pessoas que conheço", referiu a jovem.
Ruas abaixo, na Livraria da Baixa, uma banda animava a clientela. Sentados na esplanada, totalmente cheia, os clientes cumpriam o distanciamento de segurança. Do outro lado da rua, pelo passeio, concentravam-se pessoas a assistir. Nem todas usavam máscara e algumas não mantinham a distância de segurança.
Bom para o negócio
"As pessoas, tendo em conta que estiveram tanto tempo fechadas, estavam com fome de vir para a rua e se divertir", referiu Iuri Teixeira, sócio-gerente da Livraria da Baixa.
O estabelecimento apenas serve bebidas na esplanada. Os dias mais fortes para o negócio são sexta-feira e sábado. Até porque, durante a semana, cerca de 90% da clientela são turistas.
"As pessoas continuam a importar-se e isso é importante porque a pandemia não vai acabar amanhã. Há aprendizagens que ficaram e que levamos para criar um futuro melhor", contou Iuri Teixeira.
A residir em Sintra, as amigas Teresa Freitas e Eugénia Pardal aproveitaram a passagem pelo Porto para conhecer a movida. "Não vejo ninguém com excessos. As coisas têm de reabrir e vamos ter de conviver com a covid", disse Teresa Freitas.
Francisca Batista e Raquel Bessa partilham da opinião. "Para muita gente sair e dançar é essencial para espairecer do trabalho ou do estudo. Acho que esta abertura vai significar uma libertação mental das pessoas", referiu Francisca Batista.
Junto à Praça Carlos Alberto, um grupo de jovens descia a rua com uma coluna de som. "É importante reabrir os bares para haver interação entre as pessoas. Não podemos apenas fazer uma vida virtual", destacou Flávio Carvalho.
Discurso Direto
Paulo Gonçalves, Café Piolho
"O movimento já está a retomar. Começou a crescer com o aliviar de medidas. Com as novas medidas, a partir de outubro, penso que vai retomar a normalidade"
Iuri Teixeira, Livraria da Baixa
"As pessoas continuam a importar-se com a covid-19 e isso é importante porque a pandemia não vai acabar amanhã. Há aprendizagens que ficaram"