
Fábrica da Maia está instalada em São Pedro Fins. Empresa for reprivatizada em 1994
Artur Machado / Global Imagens
Sindicato denuncia que trabalhadores tiveram de escolher entre dias de descanso ou corte no salário. Aumento de preços parou produção.
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Depois de uma pausa de 12 dias, a produção na Siderurgia Nacional da Maia retomou na sua plenitude na semana passada. Durante esse período, o grupo espanhol Megasa, que detém a empresa, deu aos funcionários duas opções: gozar férias ou entrar em lay-off, denuncia o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte). A paragem concretizou-se entre os passados dias 5 e 16, alegadamente motivada pelo aumento dos preços da energia. Segundo o sindicato, até estava previsto que a paragem fosse até dia 28.
Decorreram ontem vários plenários para discutir a situação. Miguel Ângelo, dirigente sindical, caracteriza a atitude da firma como uma "chantagem" para com os funcionários. "Entre sofrer um corte no vencimento ou tirar os dias de férias, alguns aceitaram", verifica Miguel Ângelo. E ainda que o dirigente refira que devem ser dadas condições às empresas para manter a competitividade nos preços da energia, recorda que a firma teve lucros de 127 milhões de euros nos últimos quatro anos.
procura por ferro
A retoma terá sido motivada pela necessidade de concretizar o envio de várias encomendas e pelo aumento da procura por ferro. De acordo com Miguel Ângelo, a empresa tem "uma quantidade enorme de ferro em stock", que estará a ser facilmente vendido devido à falta de matéria-prima provocada pelo conflito na Ucrânia.
O JN contactou a Megasa para mais esclarecimentos, mas sem sucesso. O elevado fluxo de camiões que ontem chegava à fábrica da Maia indicava uma operação "muito próxima do normal", afirmaram vários moradores ao JN.
A empresa, com 296 funcionários, anunciou publicamente a paragem na produção cerca de uma semana depois de já ter sido implementada. O Site-Norte, que diz não ter sido formalmente informado, reuniu-se com a Administração no passado dia 14.
"Os trabalhadores foram para casa no dia 5. Depois da reunião, na terça-feira seguinte, começaram a contactar os trabalhadores e na quinta retomaram a produção na plenitude", refere o dirigente, estimando que, na fábrica do Seixal, ainda estarão em casa "cerca de 50"% dos funcionários".
Comunicado
"Crise energética"
A 11 de março, a empresa informou, em comunicado, que "o agravamento da crise energética provocada pela guerra e o consequente aumento radical dos preços de eletricidade e de gás natural levaram a Megasa a suspender a atividade nas fábricas do Seixal e da Maia".
Dificuldades
Também em Espanha, onde tem operações de grande dimensão na Corunha, em Saragoça e em Valência, a empresa estará a sentir dificuldades.
