Moradores que vivem junto ao crematório de Matosinhos queixam-se de emissões com origem nas chaminés do equipamento. Câmara alega que não se trata de um caso de saúde pública.
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Luís César esboça uma expressão de repulsa e compara: “Sabe o que é alcatrão a queimar? Ou pneus? É exatamente isso. E é o cheiro que incomoda”. Com mais de meio século de vida enraizada no Bairro Benjamim Grandeiro, em Sendim, Matosinhos, aponta para as duas chaminés do tanatório, ali ao lado, cuja atividade tem causado incómodo nos arredores devido aos odores e fumos lançados para a atmosfera. Há quem aponte ainda a emissão de partículas, mas a maior parte dos residentes ouvidos pelo JN garante nunca ter visto cinzas. A Câmara explica que o fumo é causado por compostos usados em algumas urnas.
“É um fumo preto e um cheiro nauseabundo que incomoda mais no verão. Às vezes, estamos a almoçar cá fora e levamos com isso. Perdemos logo o apetite”, testemunha o morador, presumindo que “deve estar a falhar alguma coisa” no crematório, porque “no início [do tanatório] não se sentia nada”. A situação tem sido reportada ao Município pelo vereador independente António Parada, que mora perto do local, e na reunião de Câmara do passado dia 20 foi a vez de a vereadora da CDU, Renata Freitas, reforçar a “preocupação das pessoas que vivem em volta” do equipamento e pedir explicações. O Executivo, através da vereadora Manuela Álvares, garantiu: “Não haverá perigosidade, nem se trata de um caso de saúde pública”.