<p>O presidente da República deslocou-se, ontem, quarta-feira, à Madeira para ver as consequências do temporal e deixou uma palavra de esperança e solidariedade aos atingidos pela tragédia. A primeira estimativa aponta para 140 milhões de euros de prejuízos só no Funchal.</p>
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Alguém disse: 'Senhor Presidente, olhe que pode molhar os sapatos'. A resposta de Cavaco Silva foi pronta: "Sapatos há muitos, Madeira há só uma". A frase, dita no meio da chuva e da lama, na Serra de Água, simbolizou o espírito de uma visita de poucas horas que terá significado muito mais do que a última vez em que Cavaco Silva esteve na Madeira, durante uma semana.
Ontem, o presidente da República (PR) foi levar solidariedade do país a uma região abalada por uma tragédia sem precedentes próximos mas, sobretudo, verificar, no local, a dimensão da destruição, no Funchal, mas também num dos concelhos mais afectados: a Ribeira Brava.
Ao contrário de outras situações oficiais, em que foi sempre comedido nas intervenções e nos contactos com a população, Cavaco, desta vez, procurou saber tudo. Quantas escavadoras estavam a funcionar - o secretário regional Santos Costa disse que eram 164 - e como se tinha processado a ajuda às vítimas.
O presidente da Câmara do Funchal resumiu o drama dos últimos dias, numa cidade que começa, aos poucos, a recuperar alguma normalidade. Ao lado, Alberto João Jardim ia acrescentando pormenores sobre a coordenação entre serviços, sobretudo entre a Protecção Civil, as autarquias, o Governo e as Forças Armadas.
Com Cavaco Silva a ver a destruição de pontes e casas, o presidente do Governo Regional teve tempo para dar uma pequena entrevista a uma estação de televisão da Galiza. A Madeira, disse, está como uma casa "em que caiu o tecto, mas que continua de pé". É preciso reconstruir mas, prometeu, "isso vai ser feito já". Numa mensagem que se deve estender a outros países, lembrou que a melhor ajuda que podem dar é "vir cá" em férias. "Podem ver alguma coisa ainda fora do lugar e um pouco de lama", reconheceu, mas a Madeira "continua bonita".
Numa primeira estimativa dos danos causados, o presidente da Câmara do Funchal afirmou que o montante dos estragos pode chegar aos 140 milhões de euros. Um relatório aponta 75 milhões de euros de prejuízos só em equipamentos, instalações e meios da autarquia. Somando os dados fornecidos pelas empresas do concelho àquele valor, o total de danos pode ultrapassar os 140 milhões de euros.
No final de uma reunião, na Quinta Vigia, com o Governo Regional e as diversas entidades envolvidas nas operações de socorro, o PR deixou uma mensagem de esperança aos madeirenses que deram um "uma grande lição" de coragem ao país. A coordenação das operações também foi elogiada. Cavaco Silva aproveitou para referir um facto importante para a economia madeirense: a hotelaria sobreviveu à catástrofe, o que permite manter a principal actividade da região.