Funcionários da Valadares ponderam trocar o "incerto ordenado pelo subsídio de desemprego"
Os salários em atraso na cerâmica Valadares, em Gaia, já levaram trabalhadores a trocar o "incerto ordenado pelo certinho subsídio de desemprego" e alguns dos que lá permanecem sentem dificuldades em manter as refeições à mesa.
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Com dois meses de salários em atraso, os trabalhadores decidiram não tolerar mais incertezas e prometem ficar à porta da empresa até que a administração regularize a situação.
"A administração disse que até às 17 horas vai entregar um documento com a data do pagamento, mas nós decidimos que só sairemos daqui quando o dinheiro estiver na conta", afirmou Raul Almeida, da Comissão de Trabalhadores.
Sabendo que existem clientes e encomendas, os trabalhadores só deixarão sair ou entrar camiões na empresa quando tudo "estiver resolvido".
Segundo Raul Almeida, a situação é "insustentável", tendo já havido pessoas que chegaram a "um ponto de ruptura" e decidiram despedir-se para ir para o "fundo de desemprego".
"Muitos colegas têm recebido cartas do tribunal para penhora de bens. Pessoas que nunca tinham faltado a um pagamento e que agora não conseguem suportar as despesas", disse, acrescentando que "há situações de famílias desesperadas, inclusive com fome".
Alexandrina, uma das funcionárias, com 21 anos de "casa", afirmou à Lusa que não está a ser "fácil gerir o dia-a-dia".
"A empresa era certinha. O patrão tem que se decidir: temos encomenda e o dinheiro entra", disse.
Esta funcionária disse acreditar que o patrão não tenha dinheiro para saldar as dívidas, caso contrário já tinha pago: "Não acredito que o patrão tenha dinheiro, pois não deixaria chegar a empresa a esta situação".
"A Banca e o Governo é que não emprestam dinheiro", concluiu.