Funcionários de IPSS e Misericórdias exigem melhores salários e menos horas do trabalho
"Discriminação salarial é vergonha nacional". "O trabalho é máximo e o salário é mínimo". "É justo e necessário o aumento do salário". Estas foram algumas das palavras de ordem da concentração de trabalhadores do setor social que, esta manhã, juntou perto de duas dezenas de pessoas à porta da Segurança Social de Viseu.
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A ação de protesto, que decorreu em Viseu e noutras cidades, como Porto e Lisboa, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
"A Segurança Social e a Autoridade para as Condições do Trabalho têm um papel importante em fazer cumprir a lei. É uma vergonha que trabalhadores essenciais ao país, que tomam conta de idosos e crianças, vivam de salários baixos. É escandaloso que os patrões não paguem mais", afirmou Cátia Bonifácio, funcionária de uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) do distrito de Aveiro.
Já uma funcionária de uma Misericórdia do distrito da Guarda, que preferiu não ser identificada, marcou presença na concentração para exigir "melhores condições de trabalho e melhores salários".
Com 30 anos de casa, disse que ganha pouco mais do que o salário mínimo. "Em relação às IPSS estamos com um vencimento abaixo. As IPSS têm mais 150 euros do que nós e estamos a lutar para ter uma igualdade salarial", sustentou.
Nuno Pires, trabalhador de uma IPSS do distrito da Guarda há uma década, avisou que "as coisas não estão bem" nas instituições sociais. "Há dinheiro para tudo menos para os funcionários e isso a mim revolta-me", defendeu.
A concentração decorreu à porta da Segurança Social para que a instituição fiscalize mais as IPSS e misericórdias, onde denunciou Cláudia Pereira, sindicalista do CESP, se registam "problemas gravíssimos que fazem com que a vida dos trabalhadores não seja melhor".
"Tem a ver com os horários que são desregulados, com cargas horárias muito superiores ao que a condição humana permite, estamos a falar de 16 horas por dia", explicou.
Para além das cargas horárias excessivas, a sindicalista chamou a atenção para a política de salários baixos praticada no setor social.
"Depois estas instituições que não cumprem os rácios de pessoal, a Segurança Social não fiscaliza em que condições estes trabalhadores estão a trabalhar e isso altera para pior as condições de trabalho destas pessoas", acrescentou Cláudia Pereira, exigindo mais fiscalização por parte das autoridades.