O Jardim do Carregal foi a segunda etapa de uma série de visitas orientadas por Germano Silva às obras das novas estações do metro do Porto. Em pouco mais de uma hora, muito se ficou a saber, na manhã deste sábado, acerca do quartel da GNR, do Hospital de Santo António e até do rio Frio, que, antes de desaguar no Douro sob o edifício da Alfândega, vai tomando os nomes dos locais por onde passa.
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Numa iniciativa conjunta do JN e da Metro do Porto, o jornalista e historiador dá a conhecer algumas das curiosidades mais bem guardadas de uma cidade que conhece como ninguém. No caso do Carregal, o trabalho até foi facilitado pelo facto de Germano Silva ter vivido num prédio daquele jardim quando era rapaz, e de, mais tarde, ter trabalhado na secretaria do vizinho hospital.
O edifício do Santo António, lembrou Germano, acabou por ficar incompleto em relação ao projeto inicial, da autoria do arquiteto inglês John Carr. Para a sua construção, que começou em 1770, foram usadas pedras do Monte Pedral, que chegaram ali puxadas por juntas de bois. Nessa altura, a zona já tinha sido alvo de "um grande plano urbanístico", impulsionado pela chegada ao Porto dos Carmelitas, no século anterior, que construíram o convento onde hoje está instalado o quartel da GNR.
Mas nada melhor do que estar no Jardim do Carregal para se ficar a saber que, afinal, o topónimo oficial é Jardim Carrilho Videira, assim decidido pelos republicanos que o homenagearam, ao destronar o nome original, Duque de Beja (João de Bragança, filho de D. Maria II). Mas então, porquê Carregal? Germano explica que se deve ao facto de naquele local ter vingado "uma erva daninha chamada carrega".
O estaleiro visitado faz parte da linha Rosa, que vai ligar a zona da Boavista à Baixa sempre debaixo do solo. A obra contemplou a construção de dois grandes poços, com 27 metros de profundidade, e tem obrigado a trabalhos adicionais. É que, com a construção da rede, a Metro do Porto "deparou-se com muitos cursos de água", lembrou Germano.
Caberia a Pedro Lé Costa, engenheiro ao serviço da empresa, explicar as dificuldades causadas pelos terrenos, devido à proximidade do rio Frio ou da mina do Rosário, o que causou "algumas dores de cabeça" aos técnicos envolvidos na construção desta linha. Por exemplo, os edifícios à volta do Carregal são todos monitorizados em tempo real, para se prevenir eventuais assentamentos.
Houve ainda tempo para relatos cómicos sobre a segunda visita da rainha Isabel II de Inglaterra ao Porto (1985) e sobre um médico (e o seu filho) que, além de deputado, prestava serviço num antigo dispensário ali no jardim que, afinal, não é o oficialmente do Carregal. Já agora, também ficámos a saber que por ali perto passou a primitiva Rua D. Pedro V.
Para participar nestas visitas é necessário fazer uma inscrição, no valor de 10 euros, até à quarta-feira anterior à data pretendida. Esse montante destina-se a uma causa social, a apoiar pela Associação JN Solidário. O leitor terá de ter em consideração que há um limite máximo de 25 pessoas, sendo aconselhável usar calçado resistente. A Metro do Porto fornece equipamento de proteção.
No próximo sábado, será a vez da Galiza, seguindo-se, no dia 29, a nova estação da Casa da Música. Nos dias 6, 13 e 20 de maio, os participantes poderão conhecer as obras correspondentes ao prolongamento da linha Amarela, em Vila Nova de Gaia. Estão em causa o viaduto de Santo Ovídio e as estações Manuel Leão e Santos Silva. O ponto de encontro para estas três visitas é a estação do metro de Santo Ovídio.