"Ginjinha Sem Rival" notificada de despejo vai contestar e pede apoio à Câmara de Lisboa
A histórica loja "Ginjinha Sem Rival" já foi notificada de uma ordem de despejo, interposta pelo atual proprietário do edifício. Gerente vai contestar o processo e pedir apoio à Câmara de Lisboa.
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Instalada na zona histórica da capital desde 1890, a "Ginjinha Sem Rival" está em risco de fechar portas, devido a um diferendo entre o gerente, Nuno Gonçalves, e o atual proprietário do edifício, Axel Gassnann, um empresário alemão que instalou no prédio um hotel e denunciou o contrato de arrendamento.
Em declarações à agência Lusa, o gerente da "Ginjinha Sem Rival" adiantou que foi notificado há cerca de duas semanas que tinha sido interposta uma ação de despejo, pelo proprietário do edifício.
"Recebemos a notificação do processo de despejo por parte do senhorio e já demos a conhecer a todos os órgãos da Câmara Municipal de Lisboa e da Assembleia Municipal. Claro que iremos contestar, com todos os mecanismos que estiverem ao nosso alcance", assegurou Nuno Gonçalves.
Contudo, o gerente da "Ginjinha Sem Rival" apela a uma maior intervenção da Câmara de Lisboa, sugerindo que a autarquia poderia adquirir e tomar posse administrativa da loja.
"Cada vez mais se vislumbra que a única possibilidade será ou a legislação ser alterada a nível nacional, rapidamente, ou a Câmara avançar mesmo por uma posse administrativa da loja", defendeu.
Nuno Gonçalves explicou que a loja ocupa 12 metros quadrados e que "é muito fácil ser uma fração desanexada" do restante edifício.
O responsável lembrou ainda que beneficiando do estatuto de Loja com História, poderá, segundo a legislação, permanecer naquele espaço até pelo menos dezembro de 2027.
A "Ginjinha Sem Rival", criada em 1890, é uma das 162 lojas distinguidas pela Câmara e Lisboa no âmbito do programa Lojas com História, criado com o objetivo de proteger estabelecimentos emblemáticos da cidade.
Por sua vez, numa resposta enviada à agência Lusa, fonte oficial da Europe Hotels International (EHI), detentora do prédio, confirmou que interpôs uma ação judicial de despejo em julho. "Devem ser os tribunais, como guardiões da liberdade e da imparcialidade, a quem compete transformar conflitos em decisões justas", justificou a fonte.
A Lusa contactou também a Câmara de Lisboa, mas ainda não obteve resposta.