Vanessa e o marido, que não se quis identificar, são espanhóis e trabalham em Évora. Esta sexta-feira, ao chegarem de carro, com o filho, à rotunda de Viana do Alentejo, uma das entradas da cidade eborense, foram mandados parar por elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR).
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A operação, denominada "Páscoa em Casa", vai decorrer até às 24 horas de segunda-feira, com o objetivo de vigiar o cumprimento das normas do estado de emergência, nomeadamente a proibição de circulação para fora da área de residência, exceto nas situações previstas no decreto, como ir trabalhar.
"Fomos tirar umas fotografias para um projeto de investigação que estamos a desenvolver na Universidade de Évora, mas não temos nenhuma declaração", explicam ao militar da GNR que os mandou parar.
Após alguns minutas, quer o marido quer Vanessa foram convidados a sair do automóvel para mostrarem a sua identificação e serem notificados de que estavam a violar as regras mais apertadas de circulação durante o período da Páscoa e previstas no estado de emergência devido à Covid-19.
"Caso voltem a violar as regras serão acusados do crime de desobediência", explicou ao JN a Alferes Daniela Ribeiro que estava a comandar a operação naquela rotunda à entrada de Évora.
Já Maria Rosa, com casa em Monte do Trigo, no concelho de Portel, e residente em Évora, mas com a morada ainda não atualizada no cartão de cidadão, foi mandada de volta, por também ela e a outra passageira do carro não terem uma razão para circular.
"Acabei de me mudar para Évora, mas ainda não tenha a minha morada atualizada no cartão de cidadão. Vim a Évora comprar os medicamentos para o meu pai. Vou ter de voltar para Monte do Trigo, que é a minha morda oficial", conta ao JN.
O mesmo já não aconteceu com João Carlos, militar, que se veio apresentar ao serviço em Évora. "Venho do Algarve e já fui mandado parar em Beja, mas tenho uma declaração que me permite circular", diz ao JN.
Semelhante sorte teve José, distribuidor de alimentos e residente em Reguengos de Monsaraz. "Desde que foi decretado o Estado de Emergência perdi muitos clientes. Tinha mais de 200, agora tenho 12. Aproveito as sextas-feiras para fazer a distribuição. As contas são fixas e há que aproveitar as oportunidades", refere.
Das quatro operações realizadas pela GNR em colaboração com a PSP, em Évora, entre as 13.30 e as 15.30 horas, foram fiscalizadas 72 viaturas, sensibilizadas 80 pessoas e existiram quatro incumprimentos.
Questionada pelo JN se houve uma diminuição do fluxo de trânsito nas estradas de Évora, a Alferes Daniela Ribeiro respondeu que sim. "As pessoas estão consciencializadas que não podem sair para fora dos seus concelhos de residência".