Um "grande meteoro" foi registado a passar pelos céus de Braga, na noite de quarta-feira, durante as Perseidas, prolífica chuva de estrelas que começou em meados de julho e termina em agosto.
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A informação foi divulgada numa publicação do Facebook do Planetário - Casa da Ciência de Braga. O registo foi feito pela estação AMS211 da Rede Internacional AllSky7, instalada no Observatório Astronómico de Braga em Gualtar, às 22.54 horas de quinta-feira.
Um meteoro, popularmente chamado de estrela cadente, é o rastro luminoso gerado quando um meteoroide entra na atmosfera terrestre e aquece até incandescer, normalmente a altitudes entre 76 e 100 quilómetros. Segundo explicou ao JN João Vieira, diretor-executivo do Planetário – Casa da Ciência de Braga, a entrada de meteoros na atmosfera terrestre é "muito comum". A maioria dos meteoros são pequenos e passam despercebidos por terem uma menor escala visual. No entanto, os bólides, meteoros grandes e brilhantes, podem durar vários segundos e ser observados a olho nu. Ainda assim, é raro que cheguem ao solo, uma vez que se desfazem na passagem pela atmosfera.
No caso de quarta-feira à noite, o meteoro foi visível por vários moradores, tendo durado 11 segundos, um tempo superior ao normal para meteoros mais pequenos que, por vezes, duram menos de um segundo. O especialista nota que há registos diários de passagens de meteoros. Embora dependa das noites, podem ser registadas centenas de rochas espaciais por dia.
A passagem do meteoro não foi extemporânea, explica João Vieira ao JN. É que estamos a passar pelo famoso espetáculo celeste das Perseidas, uma chuva de estrelas associada ao cometa Swift-Tuttle, descoberto em julho de 1862. Esta "chuva" ocorre quando a Terra atravessa um rastro de meteoros, neste caso a nuvem Perseida, que se estende ao longo da órbita do cometa Swift-Tuttle. A nuvem consiste em partículas ejetadas pelo cometa durante a sua passagem perto do Sol. A maior parte do material presente na nuvem atualmente tem aproximadamente mil anos.
As Perseidas acontecem entre meados de julho e meados de agosto, tendo o seu pico no próximo dia 12, mas não são únicas. Na verdade, segundo o especialista, as chuvas de meteoros são regulares e acontecem cerca de uma vez por mês. No entanto, estes fenómenos são mais famosos no verão, altura do ano em que o céu não está tão encoberto e o bom tempo chama as pessoas para as ruas, onde podem presenciar os espetáculos celestes. Mas até nas estações mais frias é possível ver um meteoro a passar rapidamente por cima das nossas cabeças: em 15 de dezembro, a Casa de Ciência de Braga divulgou a passagem de um meteoro durante o pico da chuva de estrelas denominadas "Geminidas".
Para João Vieira, é importante "chamar a atenção para a ciência" para que as pessoas "possam refletir sobre a dinâmica do planeta". "Divulgamos estes registos para as pessoas pensarem no que provavelmente não pensam no quotidiano e perceber que nos estamos sempre a mexer. Há toneladas de poeiras espaciais a entrar na Terra ao longo da órbita", rematou.
Embora possa deixar de queixo caído quem vê estes corpos celestes, ainda não chega à dimensão da surpresa do meteoro que rasgou Portugal de lés a lés, iluminando de tal forma o céu que fez da noite dia por alguns segundos. O fenómeno, registado em maio do ano passado, gerou atenção nas redes sociais, com milhares de imagens e vídeos a serem divulgados nas redes sociais e foi notícia nos meios de comunicação de todo o Mundo.