Fruticultores de mirtilo e framboesa estimam prejuízos de meio milhão de euros. Alguns perderam metade do que tinham nos pomares
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A queda de granizo registada na tarde de ontem, terça-feira, no sul do concelho de Mangualde dizimou várias produções de frutos vermelhos. Pelo menos uma dezena de produtores de mirtilo e framboesa sofreram perdas. A Cooperativa Agro-Pecuária dos Agricultores de Mangualde (COAPE) estima terem sido afetados 20 hectares de pomares nas freguesias de Vilar Seco, Santiago de Cassurrães, Canedo do Chão, Espinho e Moimenta Maceira Dão.
"Temos aqui perdas significativas nestas fileiras dos frutos vermelhos. Estaremos a falar de perdas superiores a 30%. Os prejuízos podem rondar valores na ordem dos 400 a 500 mil euros", afirma o presidente da COAPE, Rui Costa.
Segundo o dirigente, o "granizo caiu com grande intensidade", tendo "provocado estragos na floração e no fruto em muitas variedades". As mais precoces, que já estavam mais adiantadas, foram as que mais sofreram com o mau tempo.
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As estimativas iniciais apontam para a perda de 40 toneladas. Manuel Sousa, agricultor, na aldeia de Canedo do Chão, foi um dos afetados. Perdeu 50 por cento da produção de mirtilo que possui com os filhos.
"Foi uma tromba de água seguida de granizo durante 10 minutos, mas com bastante intensidade, que quebrou alguns ramos. Nesta altura, as plantas estão com floração e a flor caiu e muito fruto também", conta.
O fruticultor viu dois hectares de pomares destruídos por um "fenómeno" nunca visto. "O ano passado houve uma situação semelhante, mas com muito menos intensidade. Este ano veio mais violento", explica, acrescentando que "o granizo não tinha grande dimensão". "Era comparável ao sal mais grosso, a bagos de arroz", aponta.
Os produtores de frutos vermelhos estão agora a acionar os seguros de colheitas para fazer face aos prejuízos registados. "Não estamos em fase de pedir ajuda ao Governo, e esperemos não chegar a esse ponto", refere Rui Costa.
O dirigente da COAPE acredita que se o granizo caísse daqui a uns meses as perdas seriam maiores "porque iria ferir o fruto", adianta Rui Costa.