Medida é a principal bandeira do cabeça de lista da coligação entre PSD, CDS e Aliança. Recandidato do PS diz que é impossível. A necessidade de atrair investimento para criar emprego e fixar pessoas, e a resolução da falta de casas é consensual.
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Quase no final do debate que o JN promoveu, na terça-feira, no Ateneu Comercial do Porto, entre os cinco candidatos à presidência da Câmara Municipal de Vila Real, Luís Santos, o cabeça de lista do Bloco de Esquerda, disse que, "provavelmente, com mais dois debates chega-se a um consenso" em relação à habitação. Resolver o problema da falta de casas e dos preços elevados das que há, que dificulta a fixação de pessoas, é assumido como imperativo pelos concorrentes. Já quanto à gratuitidade dos transportes públicos, que poderia favorecer a procura de habitação em meio rural, não há acordo pleno.
Ter transportes para todos de forma gratuita é a principal bandeira da candidatura "Vila Real à Frente", coligação que junta o PSD, o CDS-PP e o Aliança. O cabeça de lista, Luís Tão, diz que é uma medida "transversal" aos três vetores principais da sua estratégia e "permite que as pessoas vão procurar casa fora dos limites da cidade", ao mesmo tempo que "valoriza as freguesias" e "retira pressão" sobre os preços no centro da cidade de Vila Real.
Luís Santos, candidato do Bloco de Esquerda, é a favor de novas medidas para a mobilidade na cidade e, sobretudo, "os transportes públicos gratuitos" como uma das componentes para resolver o problema da habitação e favorecer a "procura do sítio perfeito para fixar famílias".
especulação imobiliária
Por seu lado, Alexandre Coelho, cabeça de lista da CDU, lamenta que se esteja a assistir a "uma especulação imobiliária tremenda" com aumentos superiores a "30%" do preço por metro quadrado para construção. Por isso, advoga o candidato que as pessoas possam continuar a viver nas freguesias rurais, alterando o atual modelo de transportes públicos.
O candidato do Chega, Sérgio Ramos, prefere colocar a tónica nos rendimentos das famílias. "Se fossem maiores não teríamos de estar a pensar tanto na habitação social".
Mesmo assim, Sérgio Ramos também é a favor da "recuperação de casas devolutas" e da conceção de condições "para que as pessoas se fixem no meio rural". E promete a criação de "apoios ao arrendamento por jovens", que pode levá-los a "saírem da casa dos pais" e com isto "favorecer a natalidade".
Na opinião do atual presidente da Câmara e candidato ao terceiro mandato pelo PS, Rui Santos, a estratégia local de habitação, já aprovada e com financiamento até quase 10 milhões de euros, prevê apoiar aqueles que mais necessitam.
"Um pouco por todo o concelho temos a intenção de ir reabilitando casas para regular, dentro do que é possível a uma autarquia, os preços da habitação", afirmou no debate do JN.
No entanto, a eventual maior procura pelas aldeias não se fará tornando os transportes públicos gratuitos. Apesar de não estar satisfeito com o atual serviço, para Rui Santos a gratuitidade é uma medida "impossível de se fazer". Sublinha que "não se pode pôr em causa a saúde financeira do Município de forma aventureira". Justifica que tal decisão representaria o "aumento da despesa [da autarquia] em 25 milhões de euros".
2300 empregos em 8 anos
Mais consensual é a necessidade de atrair investimento para o concelho que perdeu mais de 2200 pessoas entre 2011 e 2021, passando de 51850 para 49623 habitantes. Apesar de o fenómeno da perda de população ser um problema nacional, todos estão de acordo em relação à receita para estancar a saída de pessoas para outras paragens e, se possível, atrair e fixar outras: emprego.
Rui Santos nota que, nos últimos oito anos, foram "criados 2300 postos de trabalho por conta de outrem". Dados que diz serem do Instituto de Emprego e Formação Profissional e da Segurança Social. Apesar disso, nota Luís Tão, "houve uma falta de planeamento gritante" que terá contribuído para a perda populacional.
Atrair empresas com espaço e benefícios fiscais
Fixação dos diplomados e aposta no empreendedorismo são outras ideias
Os candidatos à Câmara de Vila Real defendem várias medidas para atrair investimento para o concelho, que vão desde a construção de áreas empresariais à descida de impostos. Luís Tão sublinha que é imperativo "olhar para a fiscalidade e descer, por exemplo, o IMI".
Rui Santos, que dá destaque à criação de "uma nova zona industrial" e ao "alargamento da atual" defende uma estratégia a nível nacional em que "o Regime Contratual de Investimento, que se destina a investimentos superiores a 25 milhões de euros, seja exclusivo para o interior do país e que o IRC possa baixar".
Luís Santos realça que se deve "procurar investimento capaz de fixar a mão de obra qualificada [licenciados, mestres e doutorados] formada na UTAD", enquanto Sérgio Ramos entende que as autarquias devem "gerir currículos e criar ofertas educativas que possam ir ao encontro das necessidades dos concelhos".
Luís Tão promete "um programa de empreendedorismo" e "maior ligação aos centros de saber". Já Alexandre Coelho está contra as "leis descabidas que não promovem a equidade do país" e contra o "encerramento de serviços públicos".