A greve dos maquinistas dos comboios e do metro está a provocar fortes constrangimentos no trânsito do Porto. As declarações do ministro da Presidência sobre a alegada relação entre a sinistralidade e a taxa de álcool indignaram os profissionais.
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Na estação de Campanhã, dezenas de comboios foram suprimidos até às 8 horas. De acordo com o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), 25% dos serviços mínimos estão assegurados pela CP, o que significa que das 1300 viagens realizadas por dia no país, deverão ser feitas cerca de 300.
No metro do Porto, a situação é bastante diferente. Segundo Hélder Silva, dirigente sindical da SMAQ, a adesão é praticamente total, estando apenas a circular algumas carruagens entre a Senhora da Hora e o Estádio do Dragão e na Linha Amarela que liga o Hospital de São João a Vila D'Este, em Vila Nova de Gaia.
Um dos motivos apontados para a greve são as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de Imprensa após um Conselho de Ministros, na qual afirmou que "não é muito conhecido, mas Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem" e que tem "um desempenho cerca de sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus", explicando que o Governo aprovou uma proposta de lei que reforça "as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool".
O governante classificou assim como "estranho e inédito" que uma greve ocorra contra algo que não aconteceu, rejeitando ter proferido tal associação.
"Se não aconteceu, creio que as pessoas que amanhã vão ficar, eventualmente, sem serviço vão perguntar-se que sentido faz sofrerem com a marcação de uma greve, que tem por sentido algo que não aconteceu", insistiu.
O Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) anunciou que vai avançar com várias medidas para reforçar a segurança ferroviária, que diz darem resposta às reivindicações dos maquinistas.