Um grupo de 22 pessoas, dezoito homens e quatro mulheres, com idades entre os 19 e os 46 anos, nove dos quais em prisão preventiva e um com obrigação de permanência na habitação sob vigilância eletrónica, começaram a ser julgados em Beja, acusados dos crimes de tráfico de estupefacientes agravado e de branqueamento.
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Entre os arguidos incluem-se dois casais e três irmãos e indivíduos residentes em Beja, Viana do Alentejo, Mem Martins (Sintra), Lisboa e Foz do Douro (Porto). De acordo com o despacho de acusação do Ministério Público (MP) do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, a que o JN teve acesso, conseguiram uma vantagem patrimonial de 750 mil euros com a venda de cocaína e haxixe.
A 25 de janeiro de 2022, dia em que a GNR, em colaboração com a PSP, levou a cabo a operação de detenção dos arguidos, o núcleo duro do grupo tinha-se deslocado à povoação espanhola de El Granado, através da ponte internacional do Guadiana, em Pomarão (Mértola), de onde trouxe 409 placas de canábis, com um peso total de 40 043,850 gramas, equivalente a 220 241 doses individuais.
Foram apreendidos cinco veículos - um Porsche Panamera, um Audi A4, um Citroen C3, um VW Golf e um Seat Ibiza -, no valor de 80 200 euros, que a acusação diz “terem sido comprados com o dinheiro da venda de estupefacientes”. A magistrada responsável pelo processo sustenta que os arguidos “conseguiram uma vantagem patrimonial de 750 mil euros”, valor que se requer que seja declarado perdido a favor do Estado. Como garantia do pagamento daquela verba, foi arrestado um imóvel localizado no concelho do Seixal, que pertence a uma das arguidas, mas colocado em nome de um “testa de ferro” que não é visado no processo.
O grupo começou a ser investigado em finais de 2019, quando o indivíduo que é apontado como o cabecilha foi intercetado numa escuta pela GNR de Évora, a combinar a entrega de cocaína e haxixe para vender num café de Viana do Alentejo.
Desde setembro de 2020, com o recurso a veículos alugados, que os arguidos realizavam o transporte da droga por via terrestre, de Espanha para Portugal (Beja), em localidades junto à fronteira, nos concelhos de Mértola e Serpa. Os veículos foram seguidos pelos militares da investigação criminal da GNR.
O DIAP sustenta na acusação que dada a extensão das diligências de recolha de prova, a repartição de tarefas do grupo bastante extenso e o caráter internacional da conduta investigada, foi declarada a especial complexidade do processo.
Na primeira sessão do julgamento, destinado à identificação e audição dos arguidos, a maioria remeteu-se ao silêncio, num processo que está a decorrer sob fortes medidas de segurança. Dado o elevado número de arguidos e um total de 42 testemunhas, o julgamento foi transferido do Edifício do Tribunal de Beja para o Salão Nobre do antigo Governo Civil da cidade, situação que só tinha acontecido duas vezes nos últimos trinta anos, devido às limitações impostas pela pandemia de covid-19.