CP vai ter uma unidade para manutenção de 117 novas unidades, que chegam a partir de 2026. Concurso público é lançado esta terça-feira em Matosinhos.
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Guifões vai ganhar uma nova oficina de comboios nos próximos anos. É neste local que hoje vai ser lançado o concurso público, no valor de 819 milhões de euros, para a compra de 117 novos comboios elétricos para a CP, que vão começar a chegar a partir de 2026.
"O concurso que estamos a lançar inclui a construção de uma instalação para a CP usar futuramente para a manutenção destes comboios e que será em Guifões", anuncia ao JN/Dinheiro Vivo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Também será possível o fabrico das novas automotoras na nova oficina no concelho de Matosinhos, se o vencedor assim o quiser. A encomenda será atribuída apenas a uma empresa ou a um consórcio.
Será igualmente valorizada a produção nacional: "A pontuação é tanto maior, quanto mais tarefas forem feitas em Portugal; no limite, a totalidade do fabrico", assegura o ministro.
A maioria dos comboios (62) será utilizada nos serviços suburbanos da CP; os restantes 55 servirão para o serviço regional.
Haverá 12 automotoras para os serviços suburbanos do Porto, que irão reforçar a frota das unidades múltiplas elétricas na região.
Até 2028, poderá ainda ser determinada a duplicação da encomenda para o Norte. Isso dependerá "do crescimento da procura nos transportes públicos voltar ao ritmo de 2019 [acima dos 10%]", devido à introdução do programa de apoio à redução do preço nos passes.
Em 2028, o troço entre Contumil e Ermesinde já deverá contar com quatro linhas - em vez de duas - e assim terá capacidade para receber mais comboios.
Compras em Lisboa
O concurso também prevê que a linha de Cascais receba 34 novas automotoras, que vão substituir material com mais de 60 anos e que "dificilmente poderá ter alguma vida para lá desta substituição".
Outras 16 automotoras vão reforçar a operação nas linhas de Sintra, Azambuja e Sado. Na região de Lisboa, poderá ser acionada a opção para comprar mais 24 composições.
Aposta nos regionais
As 55 novas automotoras elétricas para o serviço regional deverão substituir mais de 50 unidades da série UTE 2240, com mais de 50 anos de serviço. Algumas das unidades servem a linha do Minho.
A última modernização foi feita entre 2003 e 2005 e levou estes comboios a ficarem conhecidos, entre os ferroviários, como "Lili Caneças".
Pedro Nuno Santos, no entanto, deixa em aberto que algumas das UTE 2240 possam ficar de reserva ou fazer serviços pontuais, "no caso de o seu ciclo de vida não estar completamente esgotado".
O vencedor do concurso será conhecido no final do próximo ano, "se tudo correr bem, dentro dos prazos, sem impugnações judiciais".
O ministro garante que "foram tomadas todas as medidas ao nosso alcance para que haja a maior transparência possível".
Detalhes
819
milhões de euros é o valor do maior concurso de sempre para compra de material circulante por parte da CP. Encomenda é financiada com fundos europeus e verbas do Orçamento do Estado.
12
das 117 novas automotoras encomendadas vão servir para os serviços suburbanos do Porto. Ordem pode duplicar até 2028 devido ao crescimento da procura.
55
dos novos comboios vão beneficiar o serviço regional e deverão substituir as automotoras da série UTE 2240, usadas no Minho.
Preço não é decisivo
O ministro garante que "não será simplesmente a proposta mais barata a ganhar o concurso", porque também será valorizada "a qualidade do produto".
Longo curso de fora
A CP também tem nos planos a compra de, pelo menos, 12 unidades de alto desempenho para o Alfa Pendular. Esta encomenda, contudo, é da exclusiva responsabilidade da transportadora, porque o serviço não está no contrato de serviço público.
Processo mundial
O concurso público também permitirá a participação de fabricantes não europeias (como a chinesa CRRC), ao contrário da encomenda de 22 novas automotoras para o serviço regional, 12 das quais híbridas.