O concelho de Guimarães foi aquele que, no Norte, mais perdeu população em 2019. Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que só Setúbal perdeu mais do que Guimarães no ano passado, sendo que o segundo já tem a população a diminuir há nove anos consecutivos. Na última década, perdeu 3,63% da população: 5739 pessoas.
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A diminuição da população residente foi alvo de discussão na reunião de Câmara de Guimarães, na segunda-feira, onde Domingos Bragança, presidente do Município, anunciou que vai diminuir as restrições à construção nas freguesias, de molde a atrair.
Em 2011, a população residente em Guimarães era de 158 048, em 2018 era de 152 792 e em 2019 era de 152 309. A perda de 5739 habitantes em nove anos levou Domingos Bragança a encomendar um estudo de análise sociológica e demográfica, à Universidade do Minho, para traçar um diagnóstico e planear o futuro. Sustenta, no entanto, que há um problema de falta de oferta de habitação, sobretudo devido a restrições do Plano Diretor Municipal (PDM): "A oferta é insuficiente porque o PDM é muito restritivo em especial nas freguesias que fazem limite com os concelhos vizinhos".
Saldo não é negativo
O autarca salienta que o saldo demográfico não é negativo no concelho, mas falta inverter a tendência migratória negativa em idades "entre os 30 e os 45 anos", que são as que não conseguem arranjar casa a preços acessíveis. "Continuam a trabalhar em Guimarães, mas vão morar para os concelhos vizinhos", constata, apelando aos empresários para que apostem na urbanização das vilas e zonas limítrofes, pois "investir em habitação em Guimarães é uma boa operação de rentabilização".
Com rendas a preços inacessíveis para grande parte da população (um T2 nas Taipas ou Moreira de Cónegos chega aos 700 euros), o vereador do Urbanismo, Fernando Seara de Sá, refere que é preciso apostar "em operações que permitam construir um mercado de arrendamento", ao invés de uma permissão generalizada da construção. Neste capítulo, parece discordar do presidente da Câmara, ao considerar que os terrenos disponíveis para construção "são mais do que suficientes" e que, a haver crescimento quantitativo, deve ser "moderado".
A coligação PSD/CDS, que há muito denuncia a sucessiva perda de população no concelho, quer uma reflexão pública sobre o problema, referiu Bruno Fernandes: "É preciso ter outra postura para com o urbanismo, nos incentivos à natalidade, na habitação e nas políticas de solos nas freguesias e na rede de transportes públicos". Para o social-democrata, Guimarães é um concelho "que não tem habitação e uma atratividade consequente com o aumento da população".
Portugal
Quem mais perdeu
No ano passado, em comparação com 2018, os concelhos que mais perderam população foram, respetivamente, Setúbal, Guimarães, Barcelos, Covilhã e Barreiro.
Quem mais ganhou
Em sentido inverso, no mesmo período, quem mais ganhou população foi Sintra, seguido de Amadora, Loures, Lisboa e Odivelas, respetivamente.
País a subir
Embora o saldo da década tenha ditado uma perda de 2,34% da população, no ano passado a tendência inverteu-se e Portugal até ganhou cerca de 20 mil habitantes (0,2%).