Agostinho Pinto, que começou a trabalhar em telecomunicações em 1971, tem uma extensa coleção que mostra gratuitamente em Aveiro
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O museu dos telefones que Agostinho Pinto, um antigo consultor de telecomunicações, criou em Cacia, Aveiro, faz hoje 15 anos, guarda muito mais do que a centena de aparelhos que compõem a sua coleção pessoal. São o mote para contar a história das telecomunicações e manter "viva a memória" de um património que o apaixona desde que, em 1971, foi para Lisboa fazer estágio nos CTT, empresa que na altura explorava os serviços telefónicos no país.
Nesse mesmo ano comprou o primeiro par de telefones Ericsson AC 650, ainda à manivela, por 150 escudos. À medida que os modelos iam sendo substituídos e os velhos eram descartados, Agostinho cimentava o desejo de os preservar. Pensava: "Um dia tenho de fazer qualquer coisa. É um crime meter tudo fora".
Ao longo dos anos foi salvando equipamentos da sucata, comprando em feiras de antiguidades, guardando ofertas e trocando com outros aficionados até que, em 2006, decidiu mostra-los ao público no antigo celeiro da sogra. As visitas, gratuitas, podem ser feitas mediante marcação.
Peças contam histórias
Quase todos os telefones têm uma história. Como a da central telefónica manual de 1930 que recebeu da ex-presidente da Fundação PT, Graça Rebocho. Estava "muito maltratada", mas trabalhou durante meses para a recuperar e retribuir o voto de confiança. Hoje é das peças que mais cativa os visitantes.
Lá está um telefone de coluna similar ao que foi usado em 1928 para a primeira chamada internacional em Portugal, entre o então presidente da República, Óscar Carmona, e o rei de Espanha. E também há um telefone móvel portátil datado de 1979, precursor dos telemóveis, que parece uma mala.
Numa central telefónica com o sistema automático Strowger - desenvolvida em 1892 nos EUA por um agente funerário que queria evitar que lhe roubassem clientes - fez uma brincadeira que permite aos visitantes experimentarem ligar entre dois telefones.
No meio dos aparelhos, guardam-se também recordações. Como o momento em que conheceu Martin Cooper, "pai" do telemóvel, durante o evento Techdays, em 2017. Na coleção só falta mesmo um "telefone de mesa Bramão", desenvolvido em 1879. Deseja-o tanto, que até já pediu um exemplar à Fundação das Comunicações.
Agostinho quer continuar a partilhar a coleção, pelo que no futuro pretende doa-la "a uma entidade que ofereça condições para colocar a coleção à disposição do público".