Dezenas de cães resgatados das cheias na última semana em Loures. Gado no Alentejo não sobreviveu.
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Somam-se os relatos de animais apanhados nas inundações ao longo da última semana. Alguns sobreviveram graças a salvamentos heroicos, outros não resistiram à subida repentina das águas.
A associação IRA - Intervenção e Resgate Animal teve de resgatar, a braços e num caiaque, 30 cães que estavam fechados num canil na Flamenga, Loures. O caso aconteceu esta semana, porque os animais "estavam em risco de vida devido à altura da água", relata Tomás Pires, presidente do IRA, adiantando que as condições encontradas serão reportadas às autoridades.
Também esta semana salvaram dois cães de uma habitação que ruiu parcialmente em Sacavém. Na semana anterior haviam sido três cães e um gato em casas na Flamenga. A mesma sorte, porém, não tiveram vários "suínos, ovinos e algumas espécies de aves", que se encontravam em "instalações improvisadas junto às margens do rio" e morreram por afogamento, relata o IRA.
"Elo mais fraco"
"A prioridade é o salvamento de vidas humanas. Nós entramos [nos cenários de catástrofes] como primeira e última linha de defesa dos animais. Os bombeiros em muitas situações também procedam a resgate animal, mas, não havendo meios suficientes, os animais são o elo mais fraco", acrescenta Tomás Pires.
Marlene Melo, da Associação dos Bichos, no Montijo, ia na passada quinta-feira a caminho do abrigo, que inundou parcialmente, quando numa rua de Loures resgatou dois cães, "todos molhados e cheios de lama", que andavam perdidos. "Os donos abriram o canil da oficina para os animais se poderem safar, quando o local começou a inundar repentinamente. Não os deixaram sozinhos, mas foi complicado", relata. Como "tinham chip", em poucas horas foram entregues a um dos donos, que "até se benzeu".
Noutra situação, um bombeiro à civil da corporação de Loures salvou um cão. Atou uma corda à cintura e trouxe-o ao colo durante alguns metros, com água pela cintura, confirmou o comandante António Duarte.
Em Campo Maior, o agricultor Carlos Portela perdeu, na terça-feira, pelo menos "150 ovinos" devido às inundações. Estavam numa herdade junto da aldeia de Ouguela.
OCORRÊNCIAS
Unidade de saúde alagada
O Centro de Saúde da Amorosa, em Guimarães, teve de fechar temporariamente anteontem depois de ter ficado inundado com a chuva. A água infiltrou-se nos consultórios, dois tetos falsos ruíram e material ficou estragado. Ontem reabriu, de forma condicionada, e a maioria das consultas teve de ser adiada por falta de consultórios disponíveis.
Recolha de dados até dia 21
A Câmara de Lisboa disponibiliza até dia 21 um formulário online para recolha dos danos provocados pelo mau tempo. O formulário a preencher está acessível em www.lisboa.pt/levantamento-danos.
12 milhões em estragos
Os prejuízos em Oeiras são superiores a 12 milhões de euros em infraestruturas municipais e estabelecimentos comerciais. Só no primeiro caso estima-se cerca de 7,6 milhões de euros em danos
Muralha de castelo ruiu
Um troço com cerca de cinco metros da muralha do Castelo de Veiros, em Estremoz, ruiu. Está classificado como Imóvel de Interesse Público.
Tomás Pires, presidente do IRA:
"Os animais não podem ser vistos como mercadoria. Quando for pedida uma evacuação, as pessoas devem ter o cuidado de levar os animais de companhia. Quanto aos de pecuária ou outros, os detentores devem ter capacidade de relocalização imediata"