Um homem de 55 anos morreu atropelado, no sábado, na Estrada Nacional 202 em Alvaredo, Melgaço, alegadamente sem ter recebido cuidados de emergência pré-hospitalar, por ausência do técnico que opera na ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) local.
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O óbito foi declarado no local pela equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Alto Minho cerca de uma hora depois do alerta. Fonte do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil de Viana do Castelo indicou que a ocorrência foi registada às 16.41 horas e implicou a mobilização de 18 operacionais e seis viaturas dos Bombeiros de Melgaço, VMER, GNR e um helicóptero do INEM.
Em resposta a questões enviadas pelo JN, fonte do gabinete de comunicação deste último organismo, justificou que o meio aéreo não pôde aterrar devido às condições meteorológicas e garantiu que foram acionados todos "os meios de emergência que se encontravam disponíveis e que podiam intervir". O INEM assegura ainda que a vítima "recebeu cuidados de suporte básico e avançado de vida".
Sindicato denuncia SIV inoperacional
O Sindicato do Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) afirmou, este domingo, que situações como esta têm acontecido um pouco por todo o país e exige medidas para evitar que novas aconteçam durante a época estival que se aproxima. Em declarações à CNN, o presidente do STEPH, Rui Lázaro, considerou sobre o caso de Melgaço que "se este homem de 55 anos tivesse tido cuidados de emergência médica diferenciados e atempados, poderíamos estar a falar de um desfecho diferente ou, pelo menos, a probabilidade de o desfecho ser diferente seria bastante maior".
Rui Lázaro entende que "fez a diferença" naquela ocorrência o facto da "ambulância SIV sediada em Melgaço ter estado inoperacional, entre as 8 horas e as 24 horas, por falta de técnico de emergência pré-hospitalar".
"Esta carência é já por demais conhecida e já denunciada por nós diversas vezes, assim como as causas desta carência de técnico, manifestamente sob a responsabilidade de uma carreira pouco atrativa mas sobretudo pela falta de respeito que o INEM tem com os seus profissionais", declarou, defendendo que "importa que o presidente do INEM venha lamentar publicamente perante a família desta vítima este desfecho trágico, mas importa também apurar as responsabilidades políticas, que exigiremos quer à senhora ministra da Saúde quer à Assembleia da República, onde ainda esta semana fomos ouvidos e demos outros exemplos como este, que não tiveram cuidados atempados de emergência médica".
Rui Lázaro sublinhou que situações como esta acontecem "por todo o país" e defende a necessidade de serem tomadas "ações" por parte do Governo que "mitiguem de alguma forma que estes acontecimentos se sucedam, porque a previsão, com o aproximar do período de verão, é que estes episódios possam ocorrer mais vezes".
INEM garante ter acionado meios disponíveis
O JN enviou questões sobre o caso para o INEM e para o Ministério da Saúde, sendo que este último remeteu esclarecimentos para o primeiro.
Fonte do gabinete de comunicação do INEM esclareceu que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM recebeu, no sábado, uma chamada transferida do 112 às 16.41 horas, dando conta de um atropelamento do qual resultou uma vítima. E que foi realizada "a triagem clínica da situação e acionados imediatamente os BV Melgaço e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital de Viana do Castelo", tendo também sido "acionado o helicóptero com base em Macedo de Cavaleiros para a eventualidade de ser necessária evacuação do doente para o Hospital de Braga em caso de traumatismo crânioencefálico, o que seria mais rápido através deste meio de emergência".
"O comandante do helicóptero informou, no entanto, que não estavam garantidas condições atmosféricas para aterragem no local, o que se veio posteriormente a verificar".
De acordo com a versão do INEM, a vítima "encontrava-se em paragem cardiorrespiratória (PCR) tendo recebido cuidados de Suporte Básico de Vida com Desfibrilhação Automática Externa (DAE) por parte da equipa dos Bombeiros de Melgaço e cuidados de Suporte Avançado de Vida por parte da equipa médica da VMER, não tendo sido possível recuperar a PCR", tendo sido a equipa médica da VMER a declarar o óbito no local.
"Em conclusão, os meios de emergência que se encontravam disponíveis e que podiam intervir mais rapidamente naquele momento foram imediatamente acionados e a vítima recebeu cuidados de suporte básico e avançado de vida por parte de equipas médicas altamente diferenciadas. Infelizmente, não foi possível reverter a PCR que a vítima sofreu, situação que se lamenta profundamente", indica a mesma fonte.
"Ao contrário do que afirma o STEPH, o técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) que estava afeto à Ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Melgaço informou no dia 24 de maio que não iria assegurar o turno de dia 25 por doença, não tendo sido possível suprir esta falta", acrescenta.