O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), em Penafiel, que chegou a acolher 10% do número de internados com covid-19 do país, vive agora momentos de menor pressão e o desalento vai abandonando o rosto dos profissionais.
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Numa altura em que a pandemia começa a desacelerar na região do Tâmega e Sousa, com uma diminuição significativa no número de novos casos, também o CHTS (que integra os hospitais Padre Américo, em Penafiel, e o São Gonçalo, em Amarante), atravessa dias de maior tranquilidade.
Depois de ter atingido, há um mês, o pico de 235 internados, ontem o CHTS tinha 180 doentes, 16 dos quais em unidades de Cuidados Intensivos, mas continua a ser um dos hospitais do país com maior número de infetados com covid-19.
Vinte vezes pior que o previsto
"Já conseguimos respirar um pouco melhor", afirmou ontem ao JN Carlos Alberto Silva, presidente do Conselho de Administração do CHTS, que nega ter havido "falta de preparação" para combater a segunda vaga da pandemia, na qual o número de novos casos por 100 mil habitantes, em alguns concelhos da área de influência do hospital, atingiu os 4000.
"Esse é um argumento desajustado da realidade. O nosso hospital estava preparado para a segunda vaga, mas ninguém estaria preparado para um cenário 20 vezes pior que o apontado pela Direção-Geral da Saúde, e foi isso que aqui aconteceu", explica.
Entre doentes retidos em macas no serviço de Urgência, com a capacidade de internamento esgotada e sem profissionais suficientes para combater o "tsunami", valeu ao CHTS a transferência de dezenas de doentes para outros hospitais e o "empenho e dedicação" dos profissionais.
"Tivemos que nos reorganizar, suspender atividade programada e centrar-nos na atividade assistencial dirigida aos doentes covid", conta Rita Ferraz, coordenadora da Unidade de Infeciologia. Segundo esta responsável, a maior dificuldade "foi gerir a entrada de muitos doentes ao mesmo tempo". Mas foi conseguido. "Colmatamos todas as falhas sentidas com muito esforço e dedicação dos profissionais, que apesar de desgastados, não abandonaram os doentes. E agora estamos melhor", reconhece.
Para já, espera-se que a situação se mantenha estável na região. "Se surgir uma avalancha daquela dimensão, nem nós, nem nenhum hospital vai conseguir resolver o problema sozinho", avisa Carlos Alberto Silva.