O hospital de Ponta Delgada, nos Açores, abriu um processo de averiguações para apurar as causas do incêndio que deflagrou no sábado, mas a presidente da unidade de saúde assegurou que o quadro elétrico tinha as vistorias em dia.
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"No dia 6 de maio, em reunião extraordinária do conselho de administração, foi aberto um processo averiguações para efetivamente apurarem-se as causas da origem do incêndio", afirmou a presidente do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), Manuela Gomes de Menezes.
Na altura do incêndio estavam no estabelecimento de saúde 333 doentes e foi necessário proceder à transferência de 240.
Numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, a presidente do conselho de administração do maior hospital açoriano assegurou que o quadro elétrico, onde o incêndio terá tido início, tinha as vistorias em dia.
"As últimas duas vistorias que foram realizadas ao quadro elétrico geral/central do Divino Espírito Santo foram feitas em novembro de 2023 e março de 2024. Isso significa que as vistorias estavam em dia", salientou.
Manuela Gomes de Menezes adiantou ainda que estão a "decorrer trabalhos tendo em vista a reposição dos sistemas" e que a prioridade após o incêndio ter sido declarado extinto foi "restabelecer alguma energia elétrica" para apoiar a evacuação dos doentes.
Segundo a responsável, o HDES tem atualmente nove geradores a funcionar que "não têm capacidade, de todo, para manter" a unidade em "pleno funcionamento".
"Está a ser montada uma solução mais robusta ao nível de energia elétrica que permitirá fazer ensaios que vão permitir identificar a extensão dos danos", acrescentou.
A presidente do hospital destacou também que a fuligem do incêndio "comprometeu a qualidade da água" e que o fumo afetou "todas as zonas técnicas de controlo do ar".
Ainda segundo Manuela Gomes de Menezes, a administração conta ter no "final da próxima semana parte da rede de águas operacional", tendo a central telefónica do HDES já sido reativada.
O conselho de administração adiantou igualmente que pretende fazer atualizações semanais da situação.
O Governo dos Açores declarou no domingo a situação de calamidade pública devido ao incêndio para "acelerar procedimentos" que permitam normalizar num "curto espaço de tempo", a atividade da maior unidade de saúde açoriana.
Não foi ainda divulgada uma contabilização dos estragos do fogo.
Hospital de Ponta Delgada quer iniciar reativação "lenta" na próxima semana
O hospital de Ponta Delgada, nos Açores, vai ser reativado "lentamente" após o incêndio de sábado, prevendo-se que as unidades de oncologia e hemodiálise retomem a atividade de forma faseada na próxima semana, anunciou hoje a diretora clínica.
"Em termos de reativação, não será ainda esta semana. Provavelmente na próxima semana serão reativadas as duas unidades de oncologias e hemodiálise, mas será feito muito lentamente", adiantou a diretora clínica do Hospital Divino Espírito Santo (HDES), Paula Macedo, numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, que decorreu na unidade da ilha de São Miguel.
Paula Macedo salientou que a retoma vai ser feita de forma faseada e com um "pequeno volume de doentes" para garantir a segurança. "A prioridade será, neste edifico, poder reativar a unidade de oncologia e hemodiálise para poder garantir tratamentos prioritários, crónicos, de ambulatório desses mesmos doentes", afirmou.
Paula Macedo adiantou ainda que as consultas também poderão vir a ser reativadas num "curto espaço de tempo", mas numa fase inicial só serão presenciais em casos "inadiáveis". "As consultas dos nossos doentes, para terem uma ideia, são muitas, uma média de mil a três mil por semana", declarou.
Relativamente à instalação de um hospital de campanha, a médica considerou ser "muito importante" para permitir "resolver a capacidade de vagas".
A diretora clínica do HDES quis ainda deixar uma "mensagem de tranquilidade" à população, garantindo que os doentes que tinham marcações no hospital vão ser contactados pelos serviços.
Hospital da Horta recebe mais nove doentes deslocados
O Hospital da Horta acolheu hoje mais nove doentes provenientes de São Miguel, devido ao incêndio que deflagrou no sábado no hospital de Ponta Delgada e que obrigou a evacuar a maior unidade de saúde dos Açores. "Até à data, chegaram 25 doentes no domingo, que fizeram hemodiálise no próprio dia, e durante o dia de hoje chegaram mais nove, que também farão hemodiálise até ao final do dia, totalizando 34 doentes do hospital de Ponta Delgada", explicou à Lusa Joana Decq Mota, diretora clínica do Hospital da Horta, na ilha do Faial.
Além dos 34 doentes hemodialisados, provenientes de Ponta Delgada, o Hospital da Horta continua a fazer tratamentos diários de hemodiálise a outros 30 doentes das ilhas do Faial e do Pico, situação que vai obrigar a administração a prolongar os turnos "até à meia-noite" e a reforçar também os recursos humanos. "Isso implica prolongar turnos e necessitaremos de recursos humanos", salientou a diretora clínica, acrescentando que no final da semana chegará "uma equipa de enfermagem e de assistentes operacionais" de São Miguel, para colaborar com a equipa de enfermagem da Horta.
Por falta de camas de internamento no Hospital da Horta, os doentes deslocados por causa do incêndio estão alojados, provisoriamente, em unidades hoteleiras, mas apesar de estarem longe da família dizem não ter razões de queixa. "Para nós foi uma boa solução. Estamos muito bem instalados, não nos falta nada e somos muito bem acompanhados pelas senhoras enfermeiras e auxiliares, mas é claro que a gente estranha os nossos enfermeiros de lá", admitiu Lina Bernardo, uma das doentes deslocadas, em declarações aos jornalistas, durante o tratamento na Horta.
Também Daniel Franguinho, emigrante açoriano radicado há 34 anos nas Bermudas, mas que estava de visita a Ponta Delgada, disse não se queixar da forma como foi recebido no Hospital da Horta. "Estão tratando a gente muito bem, de todas as maneiras, a gente não pode falar mal de nada", assegurou.
Apesar de ter duplicado o número de doentes em tratamentos de hemodiálise no Hospital da Horta, a diretora clínica da unidade de saúde disse que ainda poderá receber mais pacientes de outras áreas, caso seja necessário.