O heliporto do Hospital Senhora da Oliveira (HSOG), em Guimarães, não tem nenhum tipo de certificação para receber aterragens, de dia ou de noite. A situação prolonga-se há vários anos, obrigando ao desvio dos voos de emergência, normalmente para o estádio do FC Vizela, o único espaço certificado para voos noturnos na região.
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Em 2019, fonte oficial da instituição garantiu ao JN que a pista aguardava certificação, mas, em 2023, não consta da lista dos que estão em processo.
Enquanto não é dada luz verde para o uso da infraestrutura, o HSOG depende de três locais identificados pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) como tendo as condições para a realização de missões de emergência médica helitransportada: a Pista de Atletismo Gémeos Castro, a cerca de cinco minutos, o Estádio Municipal de Fafe, a 20 minutos e o Estádio do FC Vizela, a 18. Destes três, o relvado do Vizela é o único com certificação para voos noturnos, o que quer dizer que, em noite de futebol, o Hospital de Guimarães fica sem possibilidade de receber ou enviar doentes por via aérea.
Um piloto de helicópteros de emergência explicou ao JN que a não utilização do Estádio D. Afonso Henriques, apesar de ter boa iluminação e ficar próximo do HSOG, se prende com o facto de haver muitas edificações altas em volta e de o próprio relvado ser rodeado por bancadas.
Segundo o Ministério da Saúde, "o heliporto do HSOG não consta, presentemente, dos locais de aterragem identificados pela ANAC para missões de emergência médica". E a própria ANAC afirma que a pista "não é detentora de autorização para emergência médica ou qualquer outro título".
Em 2019, o HSOG dizia que a certificação estava em curso, contudo, em 2023, a ANAC não respondeu à pergunta do JN sobre se havia algum processo de licenciamento em curso e desde quando. Em fevereiro de 2020, o Governo identificou "38 heliportos hospitalares que necessitam de intervenção com vista à melhoria da sua operacionalidade". O INEM selecionou 12 e o Executivo previa tê-los reabilitados até final de 2020.
Câmara disponível para ajudar
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, assegura que o município está disponível para colaborar nas intervenções necessárias para tornar o heliporto do hospital da cidade operacional. Contudo, "o primeiro passo tem de ser dado pela administração" da unidade ou pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, "foi determinado à Direção Executiva do SNS e ao INEM que procedessem ao levantamento das intervenções necessárias nos heliportos do SNS, para planeamento de eventuais intervenções".
Helicópteros são acionados mil vezes por ano
O Serviço de Helicópteros de Emergência Médica (SHEM) é acionado aproximadamente mil vezes por ano. Atualmente, dispõe de quatro aeronaves com bases instaladas em Macedo de Cavaleiros, Viseu, Évora e Loulé. A tripulação destes meios aéreos de emergência é constituída por piloto e copiloto, um médico e um enfermeiro. Há, neste momento, quatro heliportos em processo de certificação: Hospital de Santa Maria (Lisboa), Hospital Pediátrico de Coimbra, Hospital do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) e Hospital de Lamego. O Hospital de Guimarães não se encontra, por isso, na lista.