Fundos do Plano de Recuperação e Resiliência vão permitir alojar 18 famílias a preços acessíveis e eliminar mancha urbanística com 40 anos do centro da vila.
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Há 40 anos que um edifício localizado no centro da vila de Mondim de Basto ganhou forma mas nunca ganhou vida. O projeto inicial apontava para um hotel de cinco estrelas mas a acumulação de charcos no prédio devoluto levou a população a batizá-lo de "Hotel das Rãs".
O problema urbanístico está em vias de ser resolvido com um investimento público de 3,1 milhões de euros, que transformará o edifício "fantasma" em 18 fogos habitacionais que serão disponibilizados com rendas acessíveis.
"É uma resposta social para o concelho e uma solução para um edifício que, há 40 anos, se encontra devoluto", justificou Bruno Ferreira, presidente da Câmara, garantindo que este projeto vai permitir ajudar 18 famílias locais numa altura em que o número de pedidos aumenta.
"Temos solicitações de mondinenses que gostariam de ter uma habitação a preços acessíveis. Esta solução vem dar resposta a necessidades já identificadas. Temos um bairro social que tem já uma lista de espera significativa mas neste caso são alojamentos a preços acessíveis para jovens casais e para pessoas com maiores dificuldades financeiras, não é um bairro social", esclarece ao JN.
Este investimento insere-se no Programa de Apoio ao Acesso à Habitação ("1.º Direito"), dinamizado pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e é suportado na íntegra pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Estamos a aproveitar de forma rigorosa os fundos comunitários e a colocá-los ao serviço da comunidade", sublinhou Bruno Ferreira. "Houve sempre uma grande incapacidade para resolver o problema. O anterior presidente da Câmara, em 2017, anunciou que o problema estava resolvido através de um investidor privado e, passados seis anos, teve de ser o executivo PSD a encontrar uma solução", afirmou o edil.
O edifício terá de ser alvo de uma reestruturação profunda já que a tipologia inicial, para hotel, terá agora de ser totalmente reconfigurada para albergar as 18 famílias que a autarquia contemplará.
Por definir está ainda a utilização a dar ao rés-do-chão do prédio já que por não se tratar de espaço de habitação ficou fora do financiamento.
"O rés-do-chão não entra para já neste projeto, são 427 metros quadrados que não terão a habitação como uso, ficará com todas as infraestruturas e deverá servir para comércio ou serviços", aponta Bruno Ferreira.
Oposição critica preços
O PS, através de comunicado, criticou esta solução pelos valores envolvidos. "Cada apartamento terá um custo de construção médio de 170 mil euros, sendo que dos 18, 12 serão T2 e seis serão T3. Trata-se de um valor unitário de construção superior ao valor de venda de apartamentos novos no concelho. A autarquia constrói apartamentos T2 mais caros do que os apartamentos T3 novos que se encontram à venda no nosso concelho", diz a oposição.
Bruno Ferreira responde dizendo que "ficava admirado era se o valor da candidatura ficasse aquém do valor da concretização da obra". "Os preços de mercado são estipulados pelo INE e validados pelo IRHU e a candidatura não seria aprovada se os valores não fossem os corretos", concluiu.