Está a ser analisada a hipótese de mudar o local do empreendimento em construção na praia. O promotor garante que trabalhos vão continuar.
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Está a ser estudada a hipótese de relocalizar o hotel em construção na praia da Memória, em Perafita, Matosinhos. O JN sabe que uma das opções em cima da mesa é um terreno do outro lado da rua, na Avenida D. Pedro IV, junto ao Aladi - Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Intelectual.
O Ministério do Ambiente não quis fazer mais comentários sobre o assunto, depois de ter avançado esta quinta-feira ao JN que os trabalhos de construção do hotel estão parados. O promotor da unidade turística, Mário Ascenção, garante que não lhe chegou nenhuma informação do Governo e que os trabalhos vão prosseguir normalmente.
"Não recebi nenhum contacto do Ministério do Ambiente e a Câmara também não me disse nada. Ninguém embargou a obra. Estou licenciado por toda a gente", afirmou. O JN também voltou a questionar a Câmara de Matosinhos, mas não obteve resposta.
"Atentado à Natureza"
O hotel está a ser construído em cima da praia da Memória, a cerca de 100 metros do mar. Todas as entidades deram aval, incluindo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, que em 2005, numa carta enviada a um morador que tinha pedido esclarecimentos, informou ser proibido alterar a morfologia do solo naquele local.
Esta quinta-feira, depois do JN ter noticiado a situação, incluindo as críticas de moradores, o Ministério do Ambiente avançou que a obra foi parada. Não disse por quem, nem por que motivo.
O facto é que, ontem de manhã, à saída de casa, alguns moradores ainda testemunharam o movimentar das máquinas. No entanto, os trabalhos não decorreram todo o dia. Mário Ascensão justifica a interrupção com o facto de à sexta-feira à tarde os operários nunca trabalharem.
O empreendimento merece muitas críticas. "É um atentado à natureza e um perigo para os futuros clientes do hotel", considerou Ezequiel Silva, alertando que, em anos anteriores, "houve passadiços que ficaram destruídos pela água". Considerando que a obra está "a invadir as dunas", José Reis lamenta a permissividade na construção.
No meio da contestação, Júlio Guedes vê o lado positivo: "O hotel vai dar emprego a muita gente e trazer mais transportes públicos. Até pode ser que abram mais supermercados nesta zona".