Guilherme Peixoto, conhecido por ser o "padre DJ" nos tempos livres, tem publicado vídeos de música, fé e humor nas redes sociais. O padre da Paróquia de Amorim e Laúndos, na Póvoa de Varzim, quer sensibilizar para importância do isolamento em tempo de pandemia.
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"Irene, como se liga a máquina de lavar a loiça?", pergunta o padre Guilherme Peixoto num dos últimos vídeos publicados na sua conta de Facebook. O responsável pela Paróquia de Amorim de Laúndos e também capelão militar mostra um pouco do seu dia-a-dia, com humor e música à mistura, durante o isolamento profilático. O objetivo é "mostrar os cuidados que as pessoas devem ter" e levar alguma alegria até aos que estão retidos em casa.
Os vídeos do "padre DJ", que passa música regularmente no espaço Ar de Rock Laúndos, surgiram logo após a suspensão de missas pela Igreja Católica em Portugal, motivados pelas dúvidas que lhe iam chegando por telefone. "Percebi que as pessoas não estavam a entender o que se estava a passar", diz Guilherme Peixoto ao JN. O pároco pôs mãos à obra e decidiu registar as explicações em vídeo e partilhá-los através de WhatsApp pelos paroquianos. "Não esperava um impacto tão grande", confessa.
https://www.facebook.com/dj.padre.guilherme/videos/212615669955736/
Habituado às lides das redes sociais, o padre da Póvoa de Varzim não se coíbe de se mostrar a fazer exercício físico ou a apelar a que rezem durante este tempo de pandemia, mesmo sabendo que "as pessoas têm saudades de estar juntas na Igreja", como refere num dos vídeos publicados no Facebook. A série de vídeos chama-se "Sozinho em Casa - Vida de Padre". "Se dizemos que estamos na era da comunicação, isto é um desafio para todos nós, incluindo para a Igreja". "É um desafio dos novos tempos", acrescenta.
O mesmo se aplica à musica. Na última sexta-feira à noite, 20 de março, com milhares de pessoas em isolamento em casa, o "padre DJ" decidiu levar ritmos e melodias até aos seguidores nas redes sociais. Os vídeos de quase uma hora tiveram milhares de visualizações. No domingo, quando centenas de pessoas na Póvoa de Varzim foram passear e "furaram" o estado de emergência nacional, Guilherme Peixoto pôs música à tarde.
https://www.facebook.com/dj.padre.guilherme/videos/2282273551875372/
Funerais com missa em vídeo
Apesar das inúmeras missas que tem partilhado em direto, seja do Santuário de Fátima ou do Arciprestado de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, Guilherme Peixoto estende o alerta de confinamento aos seus pares. "Não chamem o organista, os leitores e o sacristão", defende num dos vídeos. Ao JN, repete o conselho: "Em algumas celebrações, os padres não estão a cumprir o distanciamento. Têm de dar o exemplo e proteger a sua vida e a dos outros".
Se o humor pontua algumas das intervenções nas redes sociais, fora disso estão as responsabilidades que continua a ter na paróquia. Os funerais, ainda que em diferentes moldes e mais reduzidos no tempo e no espaço, continuam a ser uma despedida. Na Paróquia de Amorim e Laúndos, os corpos vão diretamente para o cemitério, onde é feita uma oração. Ainda que fosse possível fazer o mesmo na capela mortuária, o padre Guilherme Peixoto prefere assim, "para que as pessoas percebam a gravidade que estamos a viver".
À boleia das novas tecnologias, o pároco propõe às famílias fazer um vídeo com missa do funeral e enviar mais tarde para quem assim o deseje. Desta forma, espera "levar algum conforto" em tempos difíceis, que se tornam ainda mais gravosos durante uma pandemia. "As igrejas serão dos últimos sítios a abrir, porque uma coisa é a vida regressar ao normal, outra é saber quando poderemos voltar a juntar uma multidão", afirma Guilherme Peixoto.
https://www.facebook.com/dj.padre.guilherme/videos/662705161132466/
As ideias para os próximos vídeos vão acompanhar a evolução da situação do Covid-19 em Portugal. "Estamos todos muito assustados com os números em Espanha e Itália. Mas será ainda preciso dar alguns sinais para que as pessoas percebam a importância de estar em casa", conclui.