Protestaram contra a decisão da Câmara de Lisboa de instalar em Belém 200 pessoas sem abrigo, não cumprindo "promessa".
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Cerca de 50 pessoas, muitos dos quais idosos, reuniram-se esta sexta-feira em frente ao Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, numa ação de protesto para exigir a construção de um Centro Intergeracional no antigo hospital militar de Belém, que já fora prometido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) há vários anos.
O governo decidiu agora usar este espaço, cuja propriedade é do Ministério da Defesa, para alojar cerca de 200 pessoas em situação de sem abrigo.
O protesto foi organizado pela Comissão Unitária de Reformados e Idosos da Freguesia da Ajuda (CURIFA), que entregou uma carta pedindo uma reunião com Nuno Melo, ministro da Defesa.
Na visão de João Figueiredo, morador, o que está a acontecer é uma "traição" por parte do presidente da CML à população: "Foi dado aquele imóvel (o hospital) para ser um edifício intergeracional, que era para os velhotes quando precisassem e um apoio às famílias. Agora vão acabar com isso, que já estava prometido, para pôr os sem abrigo".
Joaquim Magalhães, ao lado de João, defende ainda que os idosos "esquecidos" no hospital beneficiariam com o lar prometido: "Ninguém se lembrou dos que estão lá dentro com alta e que precisam de sair para dar camas e as famílias não os vão buscar", lamentando que "ninguém do governo" se lembra que "arranjar este espaço podia ajudar" nestas situações.
Para Fátima Ribeiro, o que a Câmara está a fazer é "retirá-las (as pessoas sem abrigo) das zonas mais visíveis da cidade, onde passam mais turistas", defendendo que "isto não é acolher, isto é depositá-las, é torná-las invisíveis para o turista" e acha que com "mais este polo" a qualidade de vida dos habitantes na Ajuda "vai diminuir" e vai "trazer mais problemas" à freguesia.
A CURIFA propõe também que o Quartel Lanceiros 2, na calçada da Ajuda, se torne "um espaço vocacionado para a habitação com rendas acessíveis". Vítor Pereira, presidente da comissão, falou aos moradores e anunciou que no próximo dia 27 vai decorrer uma iniciativa à porta do quartel de sensibilização para o problema habitacional na Ajuda.